No sábado, o chefe da polícia malaia, Razarudin Ismail, disse que os suspeitos foram detidos durante uma operação que visava membros do Global Ikhwan Services and Business Holding (GISB).
Este conglomerado empresarial que visa promover o modo de vida islâmico é acusado de ter gerido “focos de horror” e de manter ligações com a seita islâmica Al-Arqam.
O GISB foi fundado por Ashaari Mohamad, que chefiou a Al-Arqam — um culto que foi considerado herético e proibido pelo Governo em 1994. Mohamad morreu em 2010, mas o grupo continuou as suas atividades.
Entre os detidos está o líder do GISB, Nasiruddin Ali, e outros 30 membros do grupo, entre os 17 e os 64 anos.
O chefe da polícia disse que a operação incidiu sobre 82 locais, incluindo abrigos, instalações de saúde, empresas, escolas religiosas e residências privadas.
Em 11 de setembro, uma primeira operação da polícia resgatou 402 crianças, rapazes e raparigas, de 20 casas geridas pelo GISB.
A polícia deteve 171 suspeitos, incluindo professores religiosos e cuidadores.
Razarudin Ismail disse na altura que algumas das crianças, com idades entre 1 e 17 anos, foram sodomizadas pelos seus tutores e também ensinadas a abusar sexualmente umas das outras.
Ismail afirmou que lhes foi negado tratamento médico e queimados com colheres de metal quente como castigo por terem sido desobedientes.
As crianças, que eram filhos de funcionários do GISB forçados a ir trabalhar no estrangeiro, foram colocadas em lares desde crianças e acredita-se que tenham sido ensinadas desde pequenas a serem leais ao grupo, disse a polícia.
O GISB tem negócios no setor alimentar, educativo e hoteleiro em cerca de 20 países, incluindo Indonésia, Singapura, Egito, Arábia Saudita, França, Austrália e Tailândia.
O caso está a ser investigado pelos crimes de abuso sexual, negligência infantil e tráfico humano.
Em 14 de setembro, Nasiruddin Ali admitiu “um ou dois casos de sodomia”, mas negou as acusações de abuso em massa de crianças nos centros de acolhimento do grupo que lidera.
O GISB tinha anteriormente negado todas as alegações de abuso e afirmou mesmo que não geria os albergues.
Na terça-feira, a polícia da Malásia anunciou o congelamento de 96 contas ligadas ao grupo empresarial.
Muitas vezes descrita como uma nação muçulmana moderada, a Malásia desconfia dos grupos que pregam o Islão sem serem sancionados pelo Governo. Os muçulmanos representam dois terços dos 34 milhões de habitantes.
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