"É único, de facto. Não se pode perder", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, enquanto observava a maquete do projeto arquitetónico, depois de ter estado a ver as ruínas arqueológicas.
O chefe de Estado deslocou-se ao local a convite do cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, com quem foi conhecer o espaço arqueológico e o plano de reabilitação, acompanhado também pela diretora-geral para o Património Cultural, Paula Silva, e pelo arquiteto Adalberto Dias.
O Presidente da República elogiou o projeto "muito feliz" de Adalberto Dias e assinalou que é possível, nas ruínas da Sé, "encontrar vias romanas, encontrar ainda habitações romanas, encontrar habitações muçulmanas, encontrar as várias camadas da história neste quadrado".
Marcelo Rebelo de Sousa prognosticou que o novo núcleo museológico vai ser "um sucesso" turístico e perguntou à diretora-geral do Património Cultural o que é que falta resolver para se lançar a obra: "Diga, quais são os obstáculos, aqui que ninguém nos ouve?".
Paula Silva respondeu: "É a CCDR, por causa dos prazos que foram um bocadinho ultrapassados, questões processuais. Mas tencionamos esta semana assinar o contrato. Vamos lá na quarta-feira de manhã, e vai a Tribunal de Contas".
"CCDR, Tribunal de Contas, muito bem. Esta é uma boa altura, porque normalmente apresentam cumprimentos de Natal, portanto, há que aproveitar os cumprimentos de Natal", comentou o Presidente da República.
Interrogado sobre a audição do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, no parlamento sobre o caso Raríssimas, que decorria naquele momento, Marcelo Rebelo de Sousa observou que não tem "o dom da ubiquidade".
"Não estou a ouvir nem a presenciar o que se passa, de maneira que, neste momento, não tenho nada para dizer sobre essa matéria, com grande pena minha", acrescentou.
Questionado se a sua visita à Sé de Lisboa se destinou a desbloquear "obstáculos", o chefe de Estado disse que o cardeal patriarca lhe expressou preocupação com o não avançar do projeto "por questões meramente processuais".
"É uma realidade que está estudada por arqueólogos, tem um projeto de um arquiteto, seguiu um determinado processo, tem meios, que é o difícil, tem fundos europeus", referiu, considerando que seria "uma perda para a cidade e para o país" se o plano não se concretizasse.
O Presidente da República explicou que "daí surgiu a ideia" de visitar pessoalmente o local.
"Não há nada como ver no lugar o que se passa. Agora, numa próxima ocasião, teremos de mostrar ao senhor presidente do Tribunal de Contas e à senhora presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo", declarou.
O chefe de Estado recusou, no entanto, o papel de "desbloqueador", contrapondo que gosta "de observar, de acompanhar e de apoiar o que está em curso e está bem em curso - é apenas isso".
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