Marcelo Rebelo de Sousa explicou que foi convidado para inaugurar o ano académico 2020-21 do Colégio da Europa, este ano sob o patronato de Mário Soares, e, embora esteja a evitar visitas, “por razões óbvias”, decidiu deslocar-se a Bruges e regressar a Portugal no mesmo dia - para evitar o número de contactos e medidas como a quarentena -, por considerar que esta deslocação era incontornável.
“Era, era, era [incontornável]. Eu tenho evitado agora fazer essas visitas, por razões óbvias, no quadro da pandemia. Estive há uma semana e pouco em Pontevedra numa cerimónia com Sua Majestade o Rei de Espanha, e aqui venho por uma razão que é uma razão inadiável”, disse.
O chefe de Estado apontou que, “imediatamente antes da presidência portuguesa do Conselho” da UE, no primeiro semestre de 2021, “os alunos deste ano de uma instituição muito prestigiada, que é o Colégio da Europa, têm como patrono Mário Soares”.
“É o primeiro e único político contemporâneo, ou figura contemporânea portuguesa, escolhida para patrono da formatura deste ano. É uma formatura com alguns alunos portugueses – estive aqui reunido com eles – mas com muitíssimos mais alunos de todo o Mundo, nomeadamente de toda a Europa. Isto é muito prestigiante para Portugal, implica um elogio a Portugal e um elogio a uma figura chave da nossa democracia”, disse.
Marcelo explicou então a sua opção por aceitar o convite para dar a aula inaugural do ano académico do Colégio da Europa, “mesmo em condições que são complexas, vindo e regressando no mesmo dia”.
“Mas não era possível não estar presente. Ninguém compreenderia que o Presidente de Portugal não estivesse na homenagem a um dos seus antecessores, e que foi uma figura marcante da construção da democracia portuguesa”, disse.
Antecipando a mensagem que vai passar nesta sua ‘aula’, Marcelo Rebelo de Sousa disse que é “muito simples”: explicar aos jovens alunos, “porque eles não sabem, porque não o conheceram, quem era Mário Soares”, e “explicar por que é que ele lutou uma vida inteira pela liberdade, pela democracia, pela justiça social e pela Europa”.
“Foi a vida toda: foi a vida durante a ditadura, foi a vida durante a revolução, foi a vida depois no arranque da democracia portuguesa, foi a vida como líder partidário e como primeiro-ministro, e foi a vida como Presidente da República”, referiu, recordando ainda que, já depois de ser chefe de Estado, Mário Soares ainda viria a desempenhar as funções de eurodeputado, “missão que cumpriu numa idade já muito avançada”.
“E eu vou falar nisso, para explicar que muito do que era a luta de Mário Soares é atual nos dias de hoje, em que também há problemas de liberdade, de democracia, de justiça social e de futuro da Europa”, completou.
Antes da cerimónia oficial de abertura da «Promoção Mário Soares - Patrono do Ano Académico 2020-2021 do Colégio da Europa», que decorre ao início da noite no ‘Concert Hall’ de Bruges, Marcelo Rebelo de Sousa inaugurou também uma exposição sobre Mário Soares nas instalações do Colégio da Europa.
Devido à covid-19, as medidas de restrições em torno destes eventos são extremamente apertadas, não sendo autorização a cobertura por parte da imprensa, que falou com o Presidente da República na rua.
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