Draghi disse hoje perante os deputados que ia comunicar a decisão de se demitir "em breve" ao chefe de Estado, Sergio Matarella.

Entretanto, e ainda ao início desta manhã, o pedido de demissão foi formalizado. O gabinete da Presidência disse ter "tomado nota" da decisão de Draghi.

De acordo com a Associated Press, o chefe de Estado quis saber se Draghi quer manter-se em funções até à realização das eleições.

Matarella deve agora marcar eleições antecipadas — se for o caso, poderão acontecer em outubro — e pode indicar uma figura "técnica ou institucional" que possa substituir Draghi.

A decisão de Draghi foi comunicada após os três parceiros da coligação governamental terem retirado o apoio ao primeiro-ministro durante uma moção de censura, no Senado, em Roma.

O primeiro-ministro, que compareceu ontem no Senado para tentar reconstruir a coligação de unidade nacional que o apoiou, acabou por perder o apoio de três membros do seu governo: o populista M5S, o conservador Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, e a Liga de extrema-direita de Matteo Salvini.

Mario Draghi deixou o Senado após saber das intenções dos seus parceiros e antes do final da votação, que ganhou com 95 votos a favor e 38 contra, embora apenas 133 dos 320 senadores tenham votado.

O economista e ex-presidente do Banco Central Europeu dirige uma coligação de unidade nacional desde fevereiro de 2021 que inclui quase todos os partidos da câmara, exceto o partido de extrema-direita Fratelli d'Italia, de Giorgia Meloni.

A crise na coligação eclodiu na semana passada, após o M5S não ter votado a favor de uma moção de confiança, quebrando fileiras com o resto dos seus parceiros, o que levou o primeiro-ministro italiano a demitir-se.

Contudo, o chefe de Estado, Sergio Mattarella, rejeitou a saída e exortou-o a procurar uma solução parlamentar, que começou hoje no Senado e continuará amanhã na Câmara dos Deputados, embora esta seja uma missão impossível devido ao confronto entre o M5S e a direita.

Berlusconi e Salvini olham favoravelmente para eleições antecipadas, que poderiam ter lugar no início de outubro e que é a opção que o seu parceiro eleitoral Fratelli d’Italia - sozinho na oposição e apontado pelas sondagens como o partido mais votado em caso de sufrágio - tem vindo a exigir há dias.

Nos últimos dias, sindicatos, empregadores, numerosas associações de diferentes setores e até a Igreja Católica apelaram à continuidade de Mario Draghi devido à atual crise económica, energética e social.

*Com Lusa