“Os números são objetivos. De outubro até janeiro a produção de eletricidade a partir de fonte hídrica reduziu-se bastante em comparação com o ano passado”, disse João Matos Fernandes, em Lisboa, no final de um encontro com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) por causa da seca.
“Recordo por exemplo que o ano em que Portugal mais importou eletricidade foi o ano 2012, as duas centrais a carvão estavam a funcionar em pleno. Não há qualquer relação aqui”, acrescentou.
O ministro respondeu desta forma a perguntas dos jornalistas sobre a alegada necessidade de aumentar a produção de energia nas barragens por terem fechado as centrais de produção a carvão, levando a diminuir ainda mais os níveis de água nas albufeiras num ano de seca e a aumentar as importações de energia de Espanha.
“Falar em importações e exportações no mercado ibérico é um termo de tecnicidade duvidosa, porque o mercado ibérico funciona como um só e sempre que Portugal optou por importar eletricidade a partir de Espanha em vez de a produzir a gás – e há uma muito maior capacidade ainda por utilizar na produção de eletricidade a partir do gás – foi com um único objetivo, garantir que a eletricidade para os portugueses era mais barata, não teve nada a ver com o fim carvão nem com falta de água para a poder produzir”, garantiu.
Num esclarecimento publicado na página na internet do Ministério do Ambiente, com data de 07 de fevereiro, o Governo garantiu que “para a determinação do sentido do saldo importador ou exportador [de eletricidade] tem maior relevância o ano hidrológico seco ou húmido”, não havendo relação com a produção a carvão.
“O único modo sustentável de diminuir quer as importações, quer os custos de eletricidade, é pela via da aceleração na entrada em funcionamento de toda a potência renovável possível e não através da manutenção de centrais termoelétricas a carvão”, lê-se na mesa nota, segundo a qual, “no último ano, o acréscimo de produção a partir de fonte solar foi superior à da central do Pego” e “no primeiro semestre deste ano, haverá produção de mais 600 MW de energia solar, o que corresponde, grosso modo, à produção da referida central”, que encerrou em novembro passado.
Matos Fernandes disse hoje que nas cinco albufeiras onde parou a produção elétrica em 01 de fevereiro, por causa da seca, uma delas, Castelo de Bode, está com níveis de água estáveis e “as outras quatro estão até com mais água”.
Por outro lado, afirmou que “as projeções meteorológicas neste momento são mais favoráveis do que eram até há uma semana”, por haver uma “forte expectativa” de que chova entre quinta e segunda-feira no litoral, no centro e no norte do país, “o que vai permitir certamente recuperar alguma da água nas albufeiras”.
“Estamos com isso despreocupados? Não, não estamos. Não temos é de estar mais preocupados do que estávamos há uma semana”, defendeu.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em janeiro “verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica, com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema”.
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