Dois meses depois da passagem da tempestade pela região Centro, Rui Rio visitou locais afetadas em Montemor-o-Velho, um dos concelhos mais afetados no distrito de Coimbra, onde constatou que as soluções do Governo "não cobrem muitas das pessoas" que tiveram prejuízos, nomeadamente agricultores que "viram o seu negócio completamente arruinado e que não têm possibilidades de o voltar a pôr de pé".
Para o líder do PSD, "é absolutamente necessário que o Governo acelere estes processos [de apoio] e que tenha consciência da realidade".
As soluções desenhadas sem se conhecer a realidade "não são as mais eficazes", sublinhou.
Em Montemor-o-Velho, Rui Rio visitou uma exploração que produzia cerca de 20 toneladas de framboesas, cujo proprietário foi obrigado a emigrar depois de prejuízos de cerca de 150 mil euros devido à tempestade.
O líder do PSD passou ainda pelo pavilhão desportivo de uma associação recreativa em Meãs do Campo que ficou sem cobertura e ainda pelas instalações da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho.
Em declarações aos jornalistas, o presidente social-democrata notou que estas situações absolutamente extraordinárias vão passar a acontecer com muito mais frequência devido às alterações climáticas e, por isso, será necessário que o país encontre soluções, sozinho ou em conjunto com a União Europeia.
"Temos de arranjar aqui força e músculo para estas situações extraordinárias", disse.
Apesar dos orçamentos do Estado serem "sempre apertados", Rui Rio defendeu que é necessário estabelecer prioridades e encontrar mecanismos que possam responder a estas situações.
"Temos de ser capazes de desenhar modelos de apoio coerentes para situações destas e, particularmente, para os mais pequenos e mais débeis. Nós temos de ultrapassar um pouco a burocracia. Temos que ter noção da realidade e, acima de tudo, conseguir olhar para o terreno e perceber que com estas ajudas não conseguem, não conseguem mesmo", salientou.
A passagem do furacão Leslie por Portugal, onde chegou como tempestade tropical, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados no fim de semana de 13 e 14 de outubro.
A tempestade atingiu, sobretudo, a região Centro, onde provocou prejuízos superiores a 120 milhões de euros.
A Proteção Civil mobilizou 8.217 operacionais, que tiverem de responder a 2.495 ocorrências, sobretudo, queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.
O distrito mais afetado pelo Leslie foi o de Coimbra, onde a tempestade, com um "percurso muito errático", se fez sentir com maior intensidade, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Na Figueira da Foz, uma rajada de vento atingiu cerca de 176 quilómetros por hora no dia 13, o valor mais elevado registado em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Comentários