Segundo o jornal, estas balas foram encontradas num dos locais onde já arrancaram os trabalhos de escavação para a instalação dos pilares da futura travessia sobre o Douro reservada à Linha Rubi do metro.
Nesta zona, explica o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, estava já identificado "um núcleo associado às invasões francesas: a fortificação do Verdinho", onde foram encontrados estes vestígios.
“Esta é uma empreitada muito exigente, um projeto muito desafiante”, foi repetindo, de manhã, Tiago Braga, na visita técnica aberta à comunidade que liderou ao lado do presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues.
A Metro do Porto conta com a nova linha, a H, tirar 15% do trânsito da Ponte da Arrábida e adicionar à rede 12 milhões de clientes, bem como induzir mais de três milhões para outros modos, nomeadamente o ferroviário dada a proximidade às Devesas e ao cruzamento com a Linha Amarela que liga Vila D’Este, em Gaia, ao Hospital de São João, no Porto.
Após convites via ‘online’ ou distribuídos pelas caixas de correio e nos cafés, num total de 2.500 ‘flyers’, confirmaram presença cerca de 70 moradores ou utilizadores da zona da Arrábida e Candal, próximas da Rotunda Edgar Cardoso, também conhecida como VL8, que atualmente é um enorme estaleiro a céu aberto.
“Estamos a criar comunidade através do transporte público. Só aqui [apontando para a rotunda VL8] temos 200 mil metros cúbitos de volume de escavação”, disse Tiago Braga, entre uma pergunta e outra dos moradores.
Um deles, Fernando Santos — que mora há 23 anos junto num empreendimento habitacional chamado Arrábida Place, e disse à Lusa estar “mortinho” que a linha fique pronta para atravessar a ponte “tranquilamente e a pé” para ir comer uma francesinha ao Capa Negra, no Porto — aproveitou a visita para sugerir à autarquia que crie uma brigada de reparações de ruas.
“Há uma série de ruas que antes não tinham tanta pressão e agora têm e precisam de reparos. Também quis saber como é que a zona do Arrábida pode fazer a ligação com a Afurada de cima. Por exemplo, porque não criar um viaduto ou passagem superior simples pedonal para aquela zona de escritórios e onde estão dois hotéis e grandes empresas. Vou mandar para o Presidente Direto e acho que devo ter uma resposta de retorno”, adiantou.
Antes, Eduardo Vítor Rodrigues já tinha reconhecido que “os moradores são aqueles que sofrem mais o impacto da obra, como o trânsito, a lama, o pó”, constrangimentos que, garantiu, “se tenta evitar a 100%”.
“Queremos hoje mostrar o quanto isto significa de valorização do território, das propriedades das pessoas, o que vai significar de qualidade de vida para quem cá mora e de melhoria da nossa cidade e na ligação ao Porto, a núcleos fundamentais de cultura, de inovação, à Universidade, bem como o potencial que cria para novos espaços como o Gaia Museu Ambiente nas Devesas”, disse o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues já tinha, também, explicado a “revolução” que a empreitada na Rotunda Edgar Cardoso criaria porque na zona, até agora reservada a tráfico rodoviário, vai nascer uma estação de metro e uma “mega praça, uma espécie de Avenida da Boavista 2”.
“Esta centralidade foi desenhada num tempo em que a lógica era rodoviária. Os atravessamentos estavam impedidos. Agora o objetivo da cidade não pode ser este. Agora está a construir-se uma nova cidade”, disse o autarca, referindo-se a um projeto que inclui zona comercial e um parque de estacionamento com 500 lugares.
É nessa zona que Sónia Pinto, moradora em Canidelo e técnica administrativa na RTP, conta passar a deixar o carro para seguir de metro para o Monte da Virgem.
À Lusa disse que veio à visita técnica por curiosidade, mas também porque os pais moram perto do ArrábidaShopping e anda preocupada com a segurança.
“São pessoas de idade e estas pessoas de mais idade usam muito os caminhos alternativos para fugir à Ponte da Arrábida”, referiu ao lado da mãe, Maria de Fátima Pinto que mora há 68 anos na zona e há 20 viu a sua casa ser expropriada por conta da construção da VL8.
“É bom porque vai melhorar a cidade. Mas temos sempre de ver e perceber melhor, não é?”, disse.
Com oito estações, seis das quais em Gaia, a Linha Rubi, com 6,4 quilómetros inclui uma nova travessia sobre o Douro, a ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, que será exclusivamente reservada ao metro e à circulação pedonal e de bicicletas.
A empreitada tem de estar concluída até ao final de 2026.
Em Gaia, as estações previstas são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.
O valor global de investimento da Linha Rubi (Casa da Música – Santo Ovídio, incluindo nova ponte sobre o rio Douro) é de 435 milhões, um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Nas horas de ponta, a Metro do Porto estima ter a circular um veículo em cada sentido a cada três minutos.
*Com Lusa
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