Durante uma sessão na Covilhã, e a propósito da luta contra as portagens que aquela região trava, a ministra afirmou que, na vida e na política, não abandona os amigos “em momentos de dificuldades” e agradeceu à Plataforma pela Reposição das SCUTs na A23 e A25 o reconhecimento do seu empenho nesta causa.
“Como na vida, eu pelo menos sou assim, não fujo nem abandono os amigos em momentos de dificuldades. Recuso-me. Nós temos muito essa natureza humana e na política também devemos cada vez mais fazer o que a Plataforma fez há dias, que é não abandonar quem leva a vossa voz ao Conselho de Ministros”, apontou.
A ministra falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, à margem das III Jornadas do Interior, que foram organizadas pelo Jornal do Fundão para debater e pensar o futuro da serra da Estrela.
À saída, questionada pelos jornalistas se estava a referir ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, quando se referiu à necessidade de não abandonar os amigos em momentos de dificuldades, Ana Abrunhosa preferiu responder com uma pergunta, através da qual deixou um apelo para se analisar o país que se quer.
“Eu faço a pergunta: Nós queremos um país em que a solidariedade de uma ministra com outro ministro do mesmo Governo é notícia nacional? Faço essa pergunta, só”.
Novamente questionada sobre se mantinha a solidariedade que já no passado tinha demonstrado para com o ministro Pedro Nuno Santos, Ana Abrunhosa garantiu que sim e sublinhou que tal também abrange a família do ministro e em particular o pai.
“Obviamente que mantenho [a solidariedade]. Solidariedade, amizade, com o Pedro, com a família e em especial com o seu pai, que é um grande empresário”, declarou.
Ainda na sessão, e também no âmbito da questão das portagens, Ana Abrunhosa já tinha destacado o papel de alguns ministros que defendem o interior nas reuniões do Conselho de Ministros, dando como exemplos Pedro Nuno Santos e Ana Mendes Godinho.
Perante os presentes, pediu mesmo que a região não abandone esses ministros para que estes não percam força nas reuniões do Conselho de Ministros.
“Quando nos abandonam, a nossa voz perde força no Conselho de Ministros, porque os outros ministros dizem assim: ‘estás a defender o território para quê, se eles te fazem o enterro, se eles te criticam’”, disse.
Ana Abrunhosa deixou mesmo um apelo à união, para que o Interior não corra riscos de perder recursos para o litoral por falta de força política.
“Critiquem-nos, desassosseguem-nos, mas não nos fragilizem. É este o pedido, juntem-se a nós. (…) Porque no momento em que nos fragilizam, nós estamos a perder voz no Conselho de Ministros, porque é muito mais fácil canalizar os recursos para os grandes e enormes problemas que o litoral também tem. Mas tem mais votos, e portanto temos de estar unidos nesta causa do Interior.
O Jornal Observador noticiou, na sexta-feira, que uma empresa detida pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação e pelo seu pai beneficiou de um contrato público por ajuste direto.
Entretanto, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação esclareceu hoje que Pedro Nuno Santos não está em situação de incompatibilidade no caso Tecmacal, invocando um parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República pedido pelo Governo em 2019.
A ministra da Coesão Territorial também esteve recentemente envolvida numa polémica depois de ter sido tornado público que duas empresas dirigidas pelo seu marido receberam fundos comunitários, área tutelada por Ana Abrunhosa.
Num artigo publicado, na segunda-feira, no jornal Público, a ministra escreveu que, no desempenho das suas funções, agiu sempre “com legalidade”.
“Não acompanho os negócios do meu marido, empresário de longa data, filho e neto de empresários, com quem estou, aliás, casada em regime de separação de bens (…) Para que fique absolutamente claro: nem eu, nem nenhum dos meus Secretários de Estado, alguma vez tivemos intervenção, direta ou indireta, no processo de aprovação de candidaturas, nem na atribuição de qualquer apoio financeiro”, referiu Ana Abrunhosa.
(Notícia atualizada às 20h44)
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