Manuel Pizarro respondia assim a questões dos jornalistas sobre uma notícia do Expresso, segundo a qual “os cuidados obstétricos e ginecológicos na área de Lisboa estão em risco iminente de rutura, porque os serviços partilhados no Hospital de São Francisco Xavier com o Hospital de Santa Maria não têm os médicos necessários”.
“Acho que temos a obrigação de, ao mesmo tempo que reconhecemos as dificuldades que estamos a enfrentar, também não criar mais alarmismo sobre o futuro. A verdade é que neste momento, esse serviço está a funcionar na plenitude das suas capacidades, dando resposta adequada às grávidas que a ele recorrem”, disse o ministro, à margem do seminário “Uma saúde, uma ética”, em Lisboa, promovido pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).
O ministro recordou que desde o início foi previsto o recurso às maternidades do setor privado quando a capacidade de resposta fosse ultrapassada na maternidade que agora juntou os serviços de obstetrícia e ginecologia dos hospitais de São Francisco Xavier e Santa Maria devido às obras de requalificação neste hospital.
De acordo com o governante, esse recurso tem sido utilizado “sempre que é necessário”.
Questionado sobre o encerramento de mais serviços de urgência por falta de profissionais para assegurar as escalas, o ministro começou por ressalvar que não está “a desvalorizar as dificuldades” que estão a ser enfrentadas “em algumas geografias do país”.
“Devo dizer que as circunstâncias são a esse respeito muito diversas e que o funcionamento em rede do Serviço Nacional de Saúde, apesar das dificuldades, dos incómodos, de uma maior sobrecarga para os doentes, e também, por exemplo, para o sistema de emergência pré-hospitalar, para os bombeiros (…) a verdade é que temos sido, até ao momento, capazes de dar resposta plena às necessidades e isso é o mais importante”, vincou.
Segundo o ministro, a maior pressão coloca-se sobretudo “nos muitos profissionais que continuam a manter as urgências a funcionar”.
“Apesar das dificuldades e dos sítios onde temos constrangimentos continua a haver dezenas e dezenas e dezenas de urgências em funcionamento pleno em todo o país, que estão essas sim, sobrecarregadas pelo facto de haver doentes transferidos de outros serviços que não estão a funcionar em pleno”, declarou.
Questionado sobre se é uma crítica ao movimento dos médicos que estão a recusar trabalhar além das 150 horas extraordinárias obrigatórias por lei, o ministro afirmou que não: “É uma constatação de um facto, pois se os doentes num determinado serviço são transferidos para outra urgência, é evidente que os profissionais que estão a trabalhar nessa urgência têm uma sobrecarga de trabalho”.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
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