O ministro do Interior francês, Bruno Le Roux, anunciou hoje a demissão devido a uma investigação preliminar sobre os empregos no parlamento das suas duas filhas adolescentes, mas afirmou a sua “honestidade”.

Bruno Le Roux apresentou a sua demissão esta tarde ao presidente francês François Hollande e, segundo o Eliseu, Matthias Fekl, atual secretário de Estado para o Comércio Externo, irá substituir o ex-ministro do Interior no cargo.

O ex-ministro insistiu que não existe qualquer irregularidade na contratação das suas duas filhas, mas justificou a sua decisão por respeito pelo Governo e permitir ao Ministério do Interior que prossiga o combate ao terrorismo e a outros desafios de segurança.

O socialista diz que tomou a decisão por assumir a "responsabilidade", mas negou qualquer má prática. Le Roux reiterou em conferência de imprensa que os empregos de verão eram legítimos e disse que não queria "que a investigação [em curso] minasse o trabalho do governo".

Le Roux disse que os contratos de trabalho estão em conformidade “com as regras judiciais da Assembleia Nacional” e “tudo corresponde a trabalho que foi efetivamente realizado”.

As adolescentes, que foram contratadas como assessoras parlamentares, terão assinado os seus primeiros contratos de trabalho com o Estado aos 15 e 16 anos, respetivamente.

Segundo informações divulgadas na segunda-feira pela comunicação social francesa, Bruno Le Roux, de 51 anos, terá efetuado, entre 2009 e 2016, vários contratos em nome das suas duas filhas adolescentes num valor total de 55 mil euros.

A divisão do Ministério Público francês que lida com investigações e crimes financeiros “está a analisar os elementos revelados pela imprensa” sobre Bruno Le Roux, indicou hoje uma fonte judicial.

Numa reportagem televisiva transmitida na segunda-feira, o ministro socialista reconheceu a contratação pontual das filhas quando era deputado, “nos verões, nomeadamente, ou durante períodos de férias escolares”, mas rejeitou qualquer comparação com o caso de Fillon.

Esta polémica vem juntar-se a outros casos de empregos fictícios que têm abalado a política francesa.

O candidato da direita às presidenciais francesas, François Fillon, foi acusado recentemente de uso indevido de fundos públicos no processo sobre alegados empregos fictícios para a mulher e dois filhos.

Também a candidata presidencial da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, tem enfrentado acusações sobre “empregos fictícios” e suspeitas de uso indevido de fundos do Parlamento Europeu.

Em finais de janeiro, numa reação às revelações sobre o candidato presidencial conservador, Le Roux denunciou “a perversão de François Fillon".