Luís Montenegro abriu hoje a conferência “Europa, que futuro?”, que integra o ciclo de “Conferências da RTP/ Sociedade Civil”, que decorre hoje no Centro Cultural de Belém, e assinala o Dia da Europa.
Na sua intervenção, Montenegro recordou que quando Portugal aderiu à então Comunidade Económica Europeia o seu PIB per capita era é de 58% da média europeia e hoje é de 75%, salientando, contudo, que a maior aproximação foi feita até ao ano 2000, quando chegou aos 71%.
“O que quer dizer que o ritmo nos primeiros 15 anos foi brutal de aproximação e o ritmo de 20/25 seguintes foi praticamente de estagnação”, referiu.
O primeiro-ministro defendeu que o país “não pode eternizar esta trajetória” e tem de “mesmo de estar na linha da frente”.
“Temos mesmo de fixar como objetivo nacional deixarmos de ser um país da coesão, temos de ter como ambição para Portugal sermos um contribuinte líquido da União Europeia e estarmos solidários com aqueles que chegam de novo”, defendeu.
Caso contrário, alertou, Portugal vai eternizar “uma situação de dependência”, e estar “sempre à espera de uma ajuda”.
“Para isso precisamos de fazer um uso muito criterioso dos fundos à nossa disposição. Temos de fazer essa autocrítica: não aproveitámos suficientemente, devíamos ter hoje melhores resultados face aos apoios que tivemos nos últimos anos”, disse.
Montenegro defendeu que o país tem de olhar com esse “espírito de autocrítica” para a execução dos fundos comunitários do PRR e do PT2030.
“Um país que invista de forma estratégica e não a pensar no efeito imediato como por vezes acontece, em que temos de gastar o dinheiro se não vamos perdê-lo: esta não é mentalidade de quem quer estar no pelotão da frente”, referiu, retomando uma expressão muito usado pelo antigo primeiro-ministro e Presidente da República Cavaco Silva.
Montenegro terminou a sua intervenção com um apelo à participação política nas próximas eleições europeias, lembrando que em Portugal haverá duas ferramentas para combater a abstenção nesse sufrágio: o voto em mobilidade no dia da eleição, 9 de junho, em qualquer ponto do país (sem inscrição, apenas com o documento de identificação civil) e o voto antecipado, uma semana antes, que quer o primeiro-ministro, quer o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já disseram que irão utilizar.
“Cada vez mais muitas das decisões começam por ser decisões tomadas no âmbito europeu e não podemos olhar para elas como decisões que vêm da Europa para Portugal, são decisões que também tomamos, é muito importante que todos contribuam para escolher os nossos deputados europeus”, defendeu.
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