"Muro de Berlim", "mamarracho", "paredão". As designações têm sido várias e a opinião consensual: os habitantes da vila da Batalha, no distrito de Leiria, não estão satisfeitos com a intervenção que está a ser feita para proteger o Mosteiro de Santa Maria da Vitória do ruído e da poluição atmosférica proveniente dos milhares de carros que todos os dias atravessam a Estrada Nacional nº1 (EN1).
A própria Câmara Municipal da Batalha reconhece que o estado atual da obra não é o mais interessante, pelo menos do "ponto de vista do impacto visual gerado pelos maciços de betão", mas reitera que o resultado final desta importante intervenção ambiental garantirá uma resposta consonante face aos graves e notórios sinais de degradação que o Mosteiro apresenta.
Mas há uma garantia: isto não é para ficar assim.
A autarquia recorda, através de um comunicado enviado às redações, que as barreiras de betão ficarão envolvidas por uma cortina arbórea, com a última fase da obra, que se prevê que termine no final do mês de fevereiro deste ano, a incluir a criação de um jardim vertical através da plantação de milhares de árvores e diferentes espécies arbustivas, com o intuito de preservar o monumento do ruído, das vibrações e do dióxido de carbono que diariamente é libertado pelos 14 mil automóveis que circulam na EN1.
A intervenção procura diminuir significativamente duas grandes ameaças que todos os dias desgastam e deterioram alguns elementos do mosteiro, de acordo com diversos estudos científicos publicados e que, atendendo ao arrastar do problema durante décadas, urge resolver.
Os trabalhos que se encontram em execução na zona frontal do Mosteiro da Batalha integram uma intervenção alargada que representa um passo fundamental para a proteção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, designadamente quanto à proteção e valorização do monumento, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.
O fim das portagens na A19, a outra solução
Em 2011 abriu ao público a Autoestrada n.º 19 (A19), conhecida como Variante da Batalha foi construída para retirar grande parte do trânsito que passa na EN1, junto ao Mosteiro, de modo a preservar o monumento, classificado como património da Humanidade, dos efeitos do ruído e poluição da circulação automóvel.
No entanto, a colocação de portagens levou a que a A19 seja uma das vias menos utilizadas na região de Leiria.
Agora, a população da Batalha questiona se o foco do investimento apresentado na construção das barreiras acústicas e plantação de um jardim vertical - cerca de meio milhão de euros - não deveria ser direcionado para a abolição das portagens da A19.
Em resposta à contestação, Paulo Batista Santos, o presidente da Câmara da Batalha, acrescentou que esta solução "não invalida que a Câmara continue a reclamar junto do Governo a abolição ou redução de portagens para os veículos pesados".
A conclusão do projeto está prevista para finais de fevereiro, reiterando a Autarquia da Batalha que o resultado final desta intervenção ambiental constituirá um passo muito significativo para a proteção, salvaguarda e preservação do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, em 1983.
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