A água, porque no ano passado o tufão Hato deixou muitas casas sem abastecimento durante vários dias, as conservas, para o caso de serem confrontados com cortes de energia, e a fita-cola, para reforçar a resistência das janelas que em 2017 foram dos primeiros materiais a ceder às violentas rajadas de vento.
Na véspera do Mangkhut atingir o ponto mais próximo de Macau, segundo as previsões, e pouco mais de um ano depois do tufão Hato ter deixado um rasto de morte e destruição, a população preveniu-se para o pior.
“Tendo em vista que se prevê que [o super tufão] seja mais forte do que o ano passado, passei fitas em todas as janelas, cobri todas as frestas, comprei água, comida, para, se faltar água [ou] alimentos nos supermercados, já tenho tudo em casa”, disse à Lusa Mariana Rabelo, de 24 anos.
Pedro Lopes, de 41 anos, explica que as compras foram feitas com tempo “porque houve um aviso antes” que permitiu que se prevenissem, evitando uma corrida aos supermercados, que bens essenciais voassem das prateleiras e a eventual especulação nos preços.
“Desta vez as pessoas tiveram tempo para se abastecerem”, afirma à Lusa. Há um ano, “no pós-tufão, os supermercados estavam todos cheios e água não havia, e a pouca que existia era a preços exorbitantes”, recorda.
Zélia de Oliveira Batista tem 64 anos, e é vice-presidente na Escola Portuguesa de Macau. Tem presente na memória a passagem de tufões por Macau durante 23 anos, mas até ao Hato, “uma experiência traumatizante”, destaca, estes nunca lhe tinham causado medo.
Depois dos dez mortos, dos 240 feridos e do rasto de destruição deixado pelo tufão, em 2017, o pior dos últimos 53 anos, a professora admite à Lusa que hoje o respeito pelos alertas das autoridades é outro.
Era “uma coisita ou outra pontualmente” e o bom senso exigia que as pessoas ficassem em casa, recorda. “Era para ficarmos resguardados, porque há muitas coisas que voam, para não sermos atingidos (…), estávamos tranquilos, mas atualmente não, sentimos que há um receio muito grande em toda a comunidade”, sublinha.
“Desta vez fomos avisados com muita antecedência”, destaca, ao mesmo tempo que enuncia as provisões escolhidas para garantir um ‘stock’ confortável em casa, onde vive sozinha: “Foi água, essencialmente, porque após o tufão do ano passado, o Hato, não havia água” e “em termos de alimentos, também, os legumes, a fruta, também algumas conservas para o caso de não se poder cozinhar e outro tipo de alimentos porque pode deixar de haver eletricidade”.
Ambas, Zélia e Mariana, alertam para o facto de ser essencial carregar todos os dispositivos eletrónicos que garantam que as pessoas fiquem comunicáveis, baterias inclusive, para prevenir qualquer falha na energia. Pequenas coisas que podem fazer a diferença, salientam.
Na ilha da Taipa, com vista para a península de Macau, perto da ponte Governador Nobre de Carvalho, um casal tira fotografias junto à água, num dia em que o sol, apesar de forte, parece convidar a população a sair de casa.
Nos supermercados, as pessoas fazem as compras habituais, sem pressas. E enquanto o alerta não subir pelo menos até ao nível 8, os transportes públicos continuam a garantir a mobilidade habitual da população em Macau.
“Espero que [este super tufão] não seja tão forte como está a ser previsto, mas se for, a gente tem que estar preparada para ele. Vida normal até lá”, conclui Mariana Rabelo, com um sorriso.
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