"Consideramos que temos todas condições reunidas para que o número de visitante apontado [206.542] se multiplique nos próximos anos. Estamos a prever no Plano Estratégico que haja um aumento gradual de visitantes, à média de 20% até 2022, e assim conseguir encaixe de bilheteira de meio milhão ao ano", disse à Lusa o presidente da Fundação Côa Parque (FCP), Bruno Navarro.
O responsável adiantou que uma das metas a atingir a médio prazo passa por cativar os fluxos turísticos que procuram o canal fluvial do rio Douro e atraí-los para visitar a "Arte do Côa", que está inserida em dois patrimónios mundiais reconhecidos pela UNESCO.
"Se conseguíssemos atingir a meta de receitas de meio milhão de euros/ano, até 2022, isso possibilitaria à FCP, só com os seus meios próprios, garantir o pagamento dos vencimentos dos funcionários", sublinhou o responsável.
O presidente do Conselho Diretivo da Fundação, que tutela o Museu e o Parque Arqueológico do Vale do Côa, reconheceu, contudo, que se trata de uma meta "ambiciosa", principalmente porque o MC está instalado num território de baixa densidade populacional.
"O ano passado, a Fundação teve de receitas próprias cerca de 200 mil euros, o que significa que, até 2022, temos que fazer um esforço muito significativo", observou Bruno Navarro.
A museografia do Côa foi concebida dentro de todo "o rigor científico", como uma mostra explicativa dos ciclos de arte rupestre do Baixo Côa e Douro Superior, que se iniciam no Paleolítico superior, há mais de 25.000 anos.
O futuro, segundo o responsável pela Fundação Côa Parque, passa por reforçar parcerias com os operadores turísticos que trabalham no canal fluvial do Douro e incluir o Museu do Côa nos seus roteiros.
Na opinião dos membros do Conselho Diretivo da Fundação, é preciso apostar na divulgação da Arte do Côa, do Museu e do Parque Arqueológico, colocando-os ao serviço de uma estratégia de desenvolvimento regional.
Em declarações à Lusa, o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes admitiu que a situação da FCP era, até há pouco tempo, complicada.
Contudo, acrescentou, "há condições reunidas, com a abertura de novos percursos e com o empenho do município de Foz Côa e dos trabalhadores de levar em frente este projeto ambicioso".
O edifício do Museu do Côa foi concebido por Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, uma dupla de arquitetos do Porto.
Segundo os especialistas, mais do que um museu de arqueologia, o Museu do Côa é, em primeiro lugar, um museu de arte, com obras quer dos caçadores-artistas do "Gravettense", quer dos últimos moleiros rupestres da Canada do Inferno.
"O Museu do Côa explana todo um catálogo de sensibilidades que se contêm na rudeza dos painéis de xisto que há milhões de anos moldam a geomorfologia regional", indicaram os arqueólogos que trabalham no Vale do Côa.
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