“A NAV Portugal vem a público esclarecer que desencadeou todos os mecanismos e procedimentos previstos para este tipo de situação assim que o mesmo se verificou, com um processo de averiguações interno já a decorrer”, refere a empresa, que gere o tráfego aéreo nacional, em comunicado enviado à agência Lusa.
Esta posição surge na sequência de uma Nota Informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) a dar conta de que vai investigar este “incidente grave”, ocorrido em 27 de abril deste ano.
O documento refere que a Torre de Controlo do Porto admitiu tratar-se de “um equívoco”.
“Nestes termos, aguardar-se-ão agora as futuras conclusões do GPIAAF e da averiguação interna para decidir sobre a necessidade de mais medidas e/ou procedimentos a tomar na sequência da ocorrência”, acrescenta a NAV Portugal.
A empresa responsável pela gestão do tráfego aéreo diz ainda no comunicado que “tem orgulho no histórico de promoção da segurança na aviação civil que conquistou nas duas décadas desde que foi criada, assegurando sempre o cumprimento dos máximos padrões de segurança em toda a sua operação, e tudo fará para que assim continue”.
O GPIAAF conta na Nota Informativa (NI) que, às 20:35 de 27 de abril, “um operador e respetiva viatura ‘follow-me’ solicitou autorização ao controlador [aéreo] de serviço [CTA] na torre do Aeroporto do Porto para entrar na pista, por forma a efetuar a inspeção noturna prevista, a 4.ª inspeção do dia”, a qual teve início “após respetiva autorização por parte do CTA”.
Pelas 20:46 – 11 minutos depois – estando duas aeronaves em preparativos para descolagem, o CTA “deu autorização para que um Boeing 737-400 [FDX4959]” se dirigisse para a pista 35, refere o GPIAAF, acrescentando que, “cerca de um minuto depois”, a tripulação da aeronave, que fazia um voo de carga para a FedEx e era operado pela ASL Airlines Belgium, “informou o CTA [de] que estava pronta para descolagem”.
“Em sequência, o CTA deu autorização ao FDX4959 para a descolagem da interceção da pista 35 com o caminho de circulação D. Nesse momento, o 'follow-me' ainda se encontrava na pista, mais precisamente na soleira da Pista 17, já em direção a sul”, refere a NI.
O GPIAAF relata que o operador do 'follow-me' “reparou numas luzes fortes na linha central de pista, na zona dos caminhos de circulação C e D, luzes que pareciam estar em movimento, e por esse motivo contactou a torre via rádio, questionando se havia alguma aeronave a alinhar na pista” para descolar.
“O CTA confirmou uma aeronave em corrida de descolagem e solicitou ao 'follow-me' uma saída imediata para a berma esquerda da pista. Pela perceção do operador do 'follow-me' e provisoriamente verificados nos dados do radar de solo, a distância entre a aeronave e o veículo foi estimada em torno dos 300 metros”, concluiu, para já, a investigação.
Segundo relato da tripulação do voo FDX4959, após ter sido autorizada a descolar, reparou “em luzes brancas na pista que, atendendo ao ambiente noturno, se confundiam com as luzes de berma da pista”.
“Já durante a subida, a tripulação questionou o CTA – controlador aéreo - sobre o sucedido com a presença de um veículo na pista, onde o CTA reportou ter sido um equívoco”, lê-se na Nota Informativa do GPIAAF.
Discutido o evento com o CTA, a tripulação procedeu com o voo para Liège, na Bélgica, onde aterrou duas horas depois em segurança e sem reporte de ocorrências adicionais.
Após a descolagem, segundo as comunicações via rádio entre a Torre de Controlo do Porto e a tripulação, a que a agência Lusa teve hoje acesso, ouve-se o piloto comandante a questionar o controlador aéreo se iria reportar a situação, considerando tratar-se de “um incidente bastante grave”, tendo o controlador aéreo respondido que a tripulação poderia reportar a situação, “se assim desejasse”.
A investigação do GPIAAF vai debruçar-se sobre “o funcionamento do órgão ATC [Controlo do Tráfego Aéreo] e os respetivos fatores organizacionais, procedimentos envolvidos na coordenação das operações de terra, os fatores humanos envolvidos, fatores técnicos e equipamentos disponíveis e as medidas de gestão do risco relativamente às incursões de pista”.
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