Numa entrevista publicada hoje no jornal La Razón, citada pela agência EFE, Francis Franco disse acreditar que o Governo espanhol vai realizar a exumação “pelo mal e ver-se-á se saltando a legalidade”.
O Governo espanhol iniciou na sexta-feira o processo de exumação do antigo Presidente Francisco Franco do mausoléu no Vale dos Caídos ao aprovar um decreto-lei em Conselho de Ministros. A decisão do Governo recebeu uma forte oposição da família de Franco.
O decreto aprovado na sexta-feira terá que ser votado no Congresso, onde os socialistas estão em minoria, mas podem contar com o apoio da esquerda radical do Podemos, dos separatistas catalães e nacionalistas bascos para obter a maioria simples necessária.
Questionado sobre se a família irá recorrer do processo administrativo para proceder à remoção dos restos mortais, contemplado no decreto que permitirá exumar o cadáver do ditador, Fracis Franco respondeu que “gastar dinheiro contra um Governo é perder tempo, porque se o fazem e o exumam, seria um brinde ao sol [‘fazer um brinde ao sol’ é uma expressão usada em Espanha para denotar ousadia ou ‘bluff’, atuar de forma demagógica ]”.
A família, acrescenta, dará uma resposta “em conjunto” com as “alegações apropriadas”, assim que o organismo instrutor do processo abra o prazo de 15 dias para que os interessados possam apresentar alegações, e comunicará o destino que deseja para os restos mortais de Franco.
A esse respeito, Francis Franco descartou a hipótese de os restos mortais do avô poderem ser enterrados com os da mulher, Carmen Polo, em El Pardo: “Onde ela está enterrada não há segurança, o meu avô não pode estar ali enterrado. Hoje essa hipótese não se coloca”.
Francis Franco acredita que “nem o Governo nem 90% dos espanhóis vejam urgência” na exumação e pede ao executivo que, se considera ter razão, o faça “com luz e estenógrafos” [expressão usada em Espanha quando se quer dizer que se faça algo às claras, sem esconder nada].
O neto de Franco disse ainda que a família enviou uma carta à comunidade religiosa que gere a basílica de Vale dos Caídos para comunicar que não autoriza a exumação.
O Vale dos Caídos, a 40 quilómetros da capital, é um complexo de edifícios de grande dimensão idealizado e erigido por Francisco Franco para homenagear os mortos da Guerra Civil espanhola, estando o túmulo do ditador, sempre florido, ao lado do do fundador do partido fascista Falange, José António Primo de Rivera.
Em nome de uma suposta “reconciliação” nacional, Franco transferiu os restos mortais de 37 mil vítimas – nacionalistas e republicanos – da guerra civil, para o local que foi inaugurado em 1959 e que é visto como exaltador da ditadura franquista.
Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que em 1936 marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado até ao seu falecimento em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático.
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