Segundo o CHUC, aquele serviço, liderado por Jorge Gonçalves, realizou a cirurgia, na quinta-feira, a um doente de 54 anos.
“A cirurgia consistiu na implantação de uma prótese absorvível feita à medida da deformidade que o doente apresentava e impregnada de medula óssea do próprio doente. Esta prótese foi impressa em impressora 3D em biomaterial absorvível”, explicou o CHUC, em comunicado hoje enviado à agência Lusa.
O CHUC adiantou que o doente em causa “foi vítima de [um] acidente de trabalho em 2016, que resultou numa fratura craniana complexa com necessidade de intervenção neurocirúrgica noutro hospital do SNS [Serviço Nacional de Saúde], com desperdício do osso fraturado por contaminação”.
Henrique Cabral, neurocirurgião do CHUC, esclareceu que, “de um modo geral, estas cirurgias permitem o realinhamento dos bordos da fratura óssea e o reaproveitamento do osso do próprio doente”.
“Mas, neste caso, tal não se verificou, uma vez que existia perigo de contaminação do osso e consequentemente infeção do sistema nervoso central, devido ao mecanismo da fratura”, referiu.
Ainda de acordo com o neurocirurgião, “este doente recorreu então ao Serviço de Neurocirurgia do CHUC para resolução do defeito estético que apresentava, uma vez que se encontrava sem uma porção do crânio desde 2016”.
“Sabendo nós que as soluções apresentadas pela indústria dos biomateriais têm evoluído bastante nos últimos anos, foi junto desta indústria que procuramos uma solução para este doente, em particular, uma vez que os produtos existentes no mercado nacional não satisfaziam as nossas necessidades nem as do doente, atendendo à localização do defeito ósseo, pelo que recorremos aos parceiros internacionais na busca de materiais integráveis que pudessem não só satisfazer as expectativas do doente mas, sobretudo, que contribuíssem para a resolução do defeito craniano”, relatou.
Ainda de acordo com Henrique Cabral, a cirurgia “permitiu encontrar uma solução adaptada a este doente, caminhando no sentido da personalização de cuidados e de satisfação das expectativas dos doentes”.
O responsável indicou que o material que constitui a prótese “será absorvido e a medula óssea aspirada vai-se diferenciar em células ósseas e promover a ossificação”.
“Além da correção do defeito estético que se encontrava numa área visível do crânio, vai permitir a correção das alterações microcirculatórias do cérebro subjacente, além de corrigir o risco óbvio que o doente corria ao não ter uma porção de crânio caso sofresse algum traumatismo”, concluiu.
A cirurgia contou com uma equipa multidisciplinar que envolveu a participação dos serviços de neurocirurgia, anestesiologia, bloco operatório e hematologia.
“O doente encontra-se bem, tendo tido alta ao terceiro dia”, indicou o CHUC.
Para a realização da intervenção cirúrgica “houve a necessidade do recurso a um circuito complexo, desenvolvido pela indústria, desde a importação do material até à obtenção das respetivas autorizações e necessária codificação para utilização do material”.
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