Em declarações à RTP e TVI, à entrada para o concerto de Pedro Abrunhosa, em São Domingos de Benfica, Lisboa, António Costa pronunciou-se quanto aos dados revelados hoje pelo boletim oficial da Direção-Geral da Saúde, que apontou para mais 10 óbitos e 904 novos casos de Covid-19 em Portugal.
“Estamos a ter, como é sabido desde meados de agosto, uma subida constante, em linha com outros países europeus, das infecções”, começou por dizer o primeiro-ministro, sublinhando que “felizmente, hoje estão a ter menor gravidade do que tinham no início da crise, mas que não permitem a ninguém aliviar os cuidados que todos devemos ter”.
Falando na necessidade de ter "grande disciplina", Costa recordou que "não podemos recorrer, como fizemos em março, a confinamentos e à paralisação do país outra vez" pois "o rendimento das famílias, os empregos e as empresas não aguentariam isso de novo”.
“Agora estamos exclusivamente nas nossas próprias mãos e na forma como cumprimos as regras básicas. Se cumprirmos todas, vamos controlando a pandemia. Se não cumprirmos, temos situações dramáticas como alguns estão a viver”, afirmou.
Ainda assim, e apesar de referir que a "evolução [da pandemia] tem sido significativa”, o primeiro-ministro disse que "no que toca à pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, essa tem-se mantido estável e o reforço tem vindo a ser feito, o que nos dá conforto”.
Mais tarde, Marcelo Rebelo de Sousa, no final de um encontro sobre ciência, no Antigo Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, também foi instado a comentar os números da pandemia em Portugal.
“Há duas semanas, já tinha tido a oportunidade de dizer que se admitia a hipótese de atingir um número de infectados superior a 1000 por dia com a abertura das escolas e o regresso à atividades social plena. Estamos perto disso”, começou por dizer o chefe de Estado, recordando que "aquilo que disse na altura se aplica agora".
“Uns dizem que é a segunda vaga, outros que é a terceira, mas estamos a assistir a um fenómeno em muitos países da Europa de um aumento de infectados", continuou Marcelo, adiantando que isso significa "uma aceleração da pandemia que corresponde à transação outono/inverno, à atividade social aberta, à abertura das escolas”.
O Presidente da República, todavia, também frisou que “neste momento, não há stress sobre o Serviço Nacional de Saúde, no sentido que nem nos internados nem nos cuidados intensivos estamos a atingir o que se chama agora linhas vermelhas e muito menos linhas vermelhas em termos de óbitos”.
Para além disso, as "autoridades sanitárias já falaram da sua preparação para o caso de ser necessário alargar a capacidade de internamento, pedindo a outras componentes do SNS para assumirem as patologias não-covid ou até outras formas de internamento, que isso está pensado e preparado”, concluiu Marcelo.
Portugal ultrapassou hoje os 2.000 óbitos associados à covid-19 desde o início da pandemia, totalizando 2.005 mortes, mais 10 relativamente a sábado, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Nas últimas 24 horas, Portugal contabilizou mais 904 casos de infeção com o novo coronavírus SARS-Cov-2, somando 79.151 casos, referem os dados da DGS, segundo os quais há atualmente 26.939 casos ativos, mais 532 que no sábado.
A DGS indica que das 10 mortes registadas, a maioria (8) ocorreu na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde também se verifica o maior número de infeções, e dois na região Norte.
Relativamente aos internamentos hospitalares, o boletim revela que nas últimas 24 horas há mais 14 internados em enfermarias e menos um nos cuidados intensivos relativamente a sábado.
No total, há 682 doentes internados em enfermaria e 105 em Unidades de Cuidados Intensivos, de acordo com o relatório da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal.
O boletim refere ainda que as autoridades de saúde têm em vigilância 46.348 contactos, mais 120 em relação a sábado, e que 362 doentes foram dados como recuperados.
Desde o início da pandemia em Portugal, em março, já recuperaram da doença 50.207 pessoas.
O maior número de óbitos continua a concentrar-se nas pessoas com mais de 80 anos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e trinta mil mortos e mais de 34,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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