Diário de quarentena, por Patrícia Reis. Dia 4


O domingo é um dia para fazer dentro de casa, sempre foi, por isso não há grande estranheza. Talvez a visão do meu filho mais novo, pronto para ir à rua com o máximo de protecção que considerou possível: lenço ao pescoço para pôr junto à boca, luvas de látex, gel desinfectante no bolso. Levo o cão à rua e os passeios estão vazios. A bomba de gasolina tem uma loja de conveniência e as compras fazem-se pelo guichet, as portas mantêm-se fechadas. No supermercado há controle de entrada de pessoas para que não haja multidões.

Há um pouco de sol e isso é quase um consolo. Falo com uma amiga. É o desespero dos artistas condensado na sua voz. Espectáculos e gigs desmarcados, isolada em casa, desfrutando de descanso que porventura necessita, mas a fazer contas. O Estado apoia os artistas, pergunta ela? E eu não sei responder.

Mais tarde, a generosidade dela chega-me com uma lista de museus que podemos visitar virtualmente. Parece-me um bom programa de domingo e aqui deixo a lista:

1. Pinacoteca di Brera - Milão 

2. Galeria Uffizi - Florença 

3. Museu Vaticano - Roma 

4. Museu Arqueológico - Atenas 

5. Prado - Madrid 

6. Louvre - Paris 

7. British Museum - Londres 

8. Metropolitan Museum - Nova Iorque 

9. Hermitage - São Petersburgo 

10. National Gallery of art - Washington 

Certamente que teremos visitas virtuais nos museus nacionais, acrescenta a minha amiga. Mais uma vez, não lhe sei responder. Para compensar, faço uma lista de livros para ler e ela manda-me um beijo virtual.