“O melhor dos melhores. Há o fado e depois há o Camané”. Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa apresentou o fadista e abriu a sessão de perguntas à jovem audiência presente no antigo picadeiro real junto ao Palácio de Belém em Lisboa.
Entre as histórias de uma carreira onde se cruzaram nomes como José Mário Branco, Amália Rodrigues e Carlos do Carmo, Camané protagonizou curtos momentos musicais onde interpretou excertos de fados do seu reportório.
O fadista contou que canta fado porque em casa só havia discos de fado e lembrou um comentário de Amália Rodrigues da altura em que se preparava para lançar o seu primeiro disco com a produção de José Mário Branco: “Amália disse que havia um rapaz que estava num bom caminho”.
Numa pergunta sobre a valorização dos artistas em Portugal, Camané admitiu que o caminho de um artista “não é um processo fácil”, embora se sinta valorizado e falou também do caso particular do fado sobre o qual, lamentou, havia um “preconceito enorme” no início da sua carreira.
“O fado era considerado menor. Houve pessoas que não tiveram tempo de perceber que o fado era um estilo cheio de qualidade cheio de expressão”, acrescentou.
No fim da sessão, Camané foi questionado sobre o legado que gostaria de deixar, e disse não ter “grandes projeções”. “Não me preocupa muito. Gosto de no presente fazer a música como acredito. Se as pessoas se lembrarem de mim no futuro é ótimo”, concluiu o fadista.
À parte da conversa com o artista e já com todas as perguntas respondidas, Marcelo Rebelo de Sousa surgiu da penúltima fila do auditório e caminhou até ao palco para orientar os alunos das nove escolas presentes para a já habitual sessão de fotografias de grupo.
O programa "Músicos no Palácio de Belém" vai juntar até 31 de maio compositores, maestros, cantores, pianistas, guitarristas e outros instrumentistas de vários géneros musicais com alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário.
Desde que assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa promoveu outras iniciativas com formato semelhante, que levaram ao Palácio de Belém escritores, cientistas, jornalistas, desportistas e artistas plásticos.
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