O projeto da publicação das Obras Completas de Mário Soares (1924-2017) foi anunciado pela IN em 2019, sob coordenação de José Manuel dos Santos, antigo assessor do Presidente, e com a colaboração de personalidades próximas do ex-líder socialista, afirmou na ocasião o diretor editorial da IN, Duarte Azinheira, que explicou tratar-se de um “projeto muito ambicioso e complicado do ponto de vista editorial”, porque, ao contrário do que acontece com outros autores, “os títulos não estão fixados”.
“Há um enorme arquivo e foi necessário ter uma equipa a investigar”, disse Azinheira, em janeiro de 2019, referindo que essa equipa estava “a ajudar a fixar o plano de publicações”, um trabalho que vai continuar a fazer “nos próximos anos”.
Segundo essas declarações de Azinheira, a coleção abre com “As Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga”, trabalho que tem por base a dissertação de licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas que Soares apresentou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A edição, fac-similada, constituirá o volume número zero – porque é “uma espécie de aperitivo” -, e vai reproduzir o exemplar oferecido a António Sérgio, com todas as anotações que este fez à margem.
A este título, seguir-se-á o primeiro de “Correspondência Cultural”, já fruto do trabalho dos investigadores, que irá mostrar como o antigo Presidente se correspondia com “toda a gente”, nomeadamente o poeta Herberto Helder (1930-2015).
A IN também conta publicar este ano o teatro completo de Natália Correia (1923-1993), em dois volumes, que serão incluídos na coleção “Biblioteca de Autores Portugueses”.
O projeto da edição do Teatro Completo de Natália Correia, que inclui peças como “O Encoberto” ou “A Pécora”, tinha já sido anunciado no ano passado e foi adiado devido a “constrangimentos vários”, justificou à agência Lusa fonte da IN.
O plano de edições deste ano da IN inclui ainda uma biografia de João Ludovice (1673-1752), arquiteto de origem alemã naturalizado português, que projetou o Palácio e Convento de Mafra (1717- 1730), ao serviço do rei João V. A biografia é de autoria de José Monterroso Teixeira, da Universidade Autónoma.
Outro dos destaques do plano editorial para este ano é a publicação da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, numa tradução de Jorge Vaz de Carvalho, que vai fazer parte da coleção “Itálica”, coordenada por António Mega Ferreira.
Este título é publicado no âmbito do 7.º centenário da morte do poeta italiano.
Ainda nesta coleção, será publicada “uma vasta seleção de peças de Luigi Pirandello” (1867-1936), Nobel da Literatura, em 1934, e um renovador do teatro no século XX. A edição destas obras é coordenada pelo encenador Jorge Silva Melo.
Para a IN, é importante “garantir que obras essenciais da cultura nacional e universal estejam disponíveis e a preços acessíveis” ao público, lê-se na súmula do plano enviada à agência Lusa.
Em 2021, serão publicados, pela editora pública portuguesa, dois títulos originários do Brasil, de dois autores já distinguidos com o Prémio Camões: “A Enxada e a Lança – A África antes dos Portugueses”, de Alberto da Costa e Silva, e a “Poesia Completa”, de Ferreira Gullar.
A IN afirma-se leal “aos princípios da sua missão de serviço público”, e vai publicar, no campo da Filosofia, “uma das grandes obras-primas da literatura universal, considerada por muitos como a primeira autobiografia ocidental: ‘Confissões de Santo Agostinho’, com tradução e notas de Arnaldo do Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro Maia de Sousa Pimentel”. Outro título também já anunciado para publicação, no ano passado.
No plano da IN está também a continuação da publicação das “obras completas de autores portugueses, cujos títulos são difíceis de encontrar ou estão mesmo indisponíveis no mercado”, designadamente: “Gente Singular”, “Novelas Eróticas”, “Maria Adelaide”, e “Ana Rosa”, de Manuel Teixeira Gomes (1860-1941); “Biografias Femininas: Mulheres Escritoras. Retratos com Sombras”, a partir do manuscrito deixado por Maria Ondina Braga (1932-2003); e, de Francisco Teixeira de Queiroz (1848-1919), “Comédia Burguesa”.
Numa parceria com a Companhia das Ilhas, prossegue a edição da “Obra Completa de Vitorino Nemésio”, com os títulos “Varanda de Pilatos”, “A Casa Fechada”, “A Mocidade de Herculano” e “Isabel de Aragão, Rainha Santa”.
A coordenação literária desta coleção é de Luiz Fagundes Duarte, doutorado em Linguística Portuguesa, pela Universidade Nova de Lisboa, onde é professor.
Fernando Pessoa é outro autor que continua a marcar presença nas edições IN, designadamente na série “Ensaios” da coleção “Pessoana”, com o o título “Doença Bibliográfica”, de João Dionísio.
Estão ainda previstas edições críticas de autores consagrados como Eça de Queirós (1845-1900), Almeida Garrett (1799-1854) e Camilo Castelo Branco (1825-1890).
A coleção “Olhares”, que a IN aponta como “um referencial do [seu] catálogo”, vai incluir o título “Jornais, Jornalistas e Poder”, de Pedro Marques Gomes, que venceu, no ano passado, o Prémio Fundação Mário Soares e Maria Barroso, e ainda os títulos “Mocidade Portuguesa”, de Jorge Calado, e “Retratos da Cultura Portuguesa”, de Mário Cláudio.
A coleção “O Essencial Sobre?” incluirá, este ano, títulos dedicados aos escritores Antonio Tabucchi, Teolinda Gersão e Rúben A..
Esta coleção receberá também mais três iniciativas editoriais inseridas no “Projeto Nunca Esquecer – Programa nacional em torno da memória do Holocausto”, entre os quais se encontra “O Essencial sobre Aristides de Sousa Mendes”.
Todos os livros desta coleção, terão também uma edição digital gratuita, disponibilizada em www.imprensanacional.pt.
Na “Coleção D”, dedicada ao design português, “o foco este ano é para Cristina Reis”.
A coleção de monografias bilingues, “Série Ph.”, dedicada à fotografia portuguesa contemporânea, com coordenação de Cláudio Garrudo, publicará títulos dedicados a Jorge Guerra e Daniel Blaufuks.
Na área infantojuvenil, em parceria com a editora Pato Lógico, prossegue a publicação de novos volumes na coleção “Grandes Vidas Portuguesas”, com as biografias do cantor António Variações e do Padre António Vieira.
Na coleção do Museu Casa da Moeda vai sair um livro dedicado ao Cavalo Marinho.
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