Apesar de a federação ter tentado recolher dados de outros anos, reparou que “não havia números disponíveis” que permitissem “saber com rigor” o que acontecia em termos de mortes nos meios aquáticos e decidiu, em 2017, iniciar a contabilização das vítimas mortais através da consulta de notícias e outros elementos para ficar com registos que, “embora sem serem 100% fiáveis”, possam ser trabalhados para, posteriormente, definir estratégias de atuação, explicou, por sua vez, o técnico do observatório Marco Galamba.
“O observatório do Afogamento foi criado para conseguirmos ter números que nos permitam abordar as mortes por afogamento em Portugal”, justificou Marco Galamba, frisando que agora a FEPONS já sabe quantas mortes ocorreram em praias, quantas aconteceram em piscinas ou barragens e as idades das vítimas.
Isto vai permitir, no final do ano, quando os dados forem analisados na sua totalidade, “definir estratégias para prevenção” e direcioná-las para aqueles grupos mais vulneráveis, acrescentou, ao apresentar o Observatório no 4.º Congresso Nacional de Salvamento Aquático e de Prevenção do Afogamento, realizado hoje em Albufeira, no Algarve.
Embora até hoje haja 112 mortes contabilizadas, Marco Galamba exemplificou com dados entre janeiro e setembro, período em que “ocorreram 96 mortes por afogamento em Portugal”, das quais “16 foram registadas com pessoas do sexo feminino e 80 do masculino”.
“Destas 96 mortes, 43 foram presenciadas por outros, enquanto as outras não. Isto permite-nos saber que, nos casos em que houve pessoas a ver, não atuaram porque se calhar não tinham formação de socorro que lhes permitisse intervir. E nós podemos direcionar as nossas ações de prevenção tendo em conta estas realidades”, exemplificou.
O presidente da FEPONS, Alexandre Tadeia, disse à agência Lusa que o congresso serviu para dar conta das conclusões do congresso mundial realizado recentemente no Canadá, mas também para falar do “Observatório do afogamento, mostrar a realidade espanhola, mostrar novos meios de socorro e as campanhas desportivas nacionais e internacionais da federação”.
“Mas, fundamentalmente, o objetivo foi abrir a mentalidade portuguesa para a área da prevenção do afogamento”, acrescentou, considerando que “não existe nenhuma campanha portuguesa, realizada de forma anual, nem existe nenhuma estratégia mais forte para evitar afogamentos”.
Assim, os dirigentes federativos apontam baterias para os dados que irão ser trabalhados pelo Observatório para poderem, de forma mais eficaz, trabalhar na área da prevenção.
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