“O crescimento real do PIB [Produto Interno Bruto] deverá diminuir de 6,7% em 2022 para 1% em 2023 e 1,2% em 2024, com a invasão russa da Ucrânia, as interrupções na cadeia de abastecimento, a alta dos preços da energia e o aumento das taxas de juro a penalizarem a atividade”, lê-se no relatório com as previsões económicas mundiais (‘Economic Outlook’) divulgado hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Embora “o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vá impulsionar investimento público, há o risco de que persistam os atrasos na sua implementação”, considera a organização.

Entretanto, de acordo com os dados da OCDE, o crescimento económico mundial vai abrandar de 3,1% em 2022 para 2,2% no próximo ano, recuperando para 2,7% em 2024, de acordo com as últimas previsões da OCDE hoje publicadas.

Com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, "o crescimento está a meia haste, a inflação elevada é persistente, a confiança corroeu-se e a incerteza é elevada", afirma no documento a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

"A economia mundial está a viver a sua pior crise energética desde os anos 70", segundo o economista chefe da OCDE, Álvaro Santos Pereira.

"O choque energético empurrou a inflação para níveis não vistos durante várias décadas e está a deprimir o crescimento em todo o mundo", disse o antigo ministro da Economia.

Espera-se que os aumentos de preços atinjam uma média de 8% este ano nos países do G20, que incluem as principais economias mundiais, antes de caírem de novo para 5,5% em 2023 e 2024, de acordo com as projeções da organização.

Santos Pereira explica que o cenário mais provável previsto pela OCDE "não é uma recessão global, mas um forte abrandamento da economia mundial em 2023, com uma inflação ainda elevada mas em declínio em muitos países".

Para ultrapassar a crise, a OCDE, uma organização de 38 países, desenvolvidos e alguns emergentes, defende "um maior aperto da política monetária para combater a inflação", dizendo ao mesmo tempo que "o apoio orçamental deve tornar-se mais direcionado e temporário".

"Acelerar o investimento para adotar e desenvolver fontes e tecnologias de energia limpa será crucial para diversificar o abastecimento e garantir a segurança energética", disse o economista.