“Entre as 24 palavras que definiram 2021 continuam a ser muitas as que se referem, diretamente ou indiretamente, à pandemia da covid-19, como (as)síncrona, comorbilidade, obscurantismo e, claro, ómicron”, lê-se num comunicado conjunto do Priberam e da agência Lusa, que se uniram pelo quinto ano consecutivo para selecionar as palavras mais pesquisadas no dicionário, e que ilustram o ano que está a terminar.
As 24 palavras, selecionadas entre 200, que, “devido ao elevado número de pesquisas diárias, ganharam destaque na nuvem do Dicionário Priberam ao longo de 2021”, constam a partir de hoje do website que integra também conteúdos noticiosos da agência Lusa, para contextualização de cada uma das palavras, ilustrando-as com fotografias captadas pelos seus fotojornalistas.
Este ano, “da lista de palavras que, em algum momento, estiveram em destaque na nuvem do Dicionário Priberam, a mais pesquisada foi genocida, motivada por protestos contra o presidente brasileiro” Jair Bolsonaro.
O ‘site’ está estruturado por ordem cronológica, de janeiro a dezembro, e cada palavra permite aceder diretamente ao seu significado no Dicionário Priberam e ao artigo da Lusa sobre o evento que motivou as pesquisas.
“Se, ainda em ano pandémico, já começam, felizmente, a rarear as palavras com ele relacionadas, abundam aquelas que nos sobressaltaram, desde o aneurisma que vitimou Carlos do Carmo, ao suposto mercadejar com o qual o juiz Ivo Rosa qualificou a atividade de José Sócrates, à chacina no Rio e... como não, à vitória dos leões de Alvalade ou ao obscurantismo dos negacionistas”, disse, a propósito da iniciativa, a diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles.
O diretor executivo da Priberam, Carlos Amaral, salienta que “O Ano em Palavras”, “mais do que qualquer termo isolado, ajuda a compreender o que foram os 12 meses anteriores, definido pelos eventos que mais marcaram os utilizadores do dicionário”.
As palavras que ‘definiram’ janeiro, mês em que morreu o fadista Carlos do Carmo, vítima de aneurisma, e em que apoiantes de Donald Trump invadiram o capitólio, foram aneurisma e capitólio.
(As)síncrona e glaciar marcaram fevereiro, mês em que recomeçaram em Portugal as aulas à distância, síncronas e assíncronas, e em que o colapso de um glaciar nos Himalaias provocou vários mortos e desaparecidos.
Em março, quando o ex-presidente brasileiro Lula da Silva voltou a ser elegível e morreu o jogador luso-cubano de andebol Alfredo Quintana, cuja cerimónia decorreu no tanatório de Matosinhos, as palavras em destaque foram elegível e tanatório.
Consorte e mercadejar marcaram o mês de abril, em que morreu Filipe, o príncipe consorte da rainha de Inglaterra Isabel II, e quando foi conhecido o despacho de pronúncia da Operação Marquês, no qual o juiz Ivo Rosa refere indícios de que o ex-primeiro-ministro José Sócrates terá mercadejado com o seu cargo.
Em maio, uma operação policial numa favela do Rio de Janeiro e o facto de o Sporting ter vencido o campeonato português de futebol, ao fim de 19 anos, deram destaque às palavras chacina e leões.
Emaciado e genocida foram as palavras selecionadas em junho, mês em que na TV pública da Coreia do Norte foi transmitido um comentário sobre o aspeto emaciado do líder do país, Kim Jong-un, e em que, num protesto contra Jair Bolsanaro, os manifestantes gritam “Fora, genocida”.
Julho, mês em que a Direção-Geral da Saúde aprovou a vacinação de crianças a adolescentes entre os 11 e 15 anos com comorbilidades e arrancaram os Jogos Olímpicos em Tóquio, fica marcado por comorbilidade e olimpíada.
Obscurantismo e talibã são as palavras escolhidas em agosto, mês em que o coordenador do plano de vacinação, Gouveia e Melo, reagiu a insultos de manifestantes anti-vacinas dizendo que “o obscurantismo no século XXI continua”, e em que os talibãs retomaram o controlo de Cabul.
O velório do antigo Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio e a entrada em erupção do vulcão das Canáras fizeram de câmara-ardente e erupção as palavras em destaque em setembro.
Em outubro, o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022, na Assembleia da República, e a mudança de nome da empresa Facebook para Meta, colocaram chumbo e meta entre as palavras mais pesquisadas.
Descarbonização e miríade marcaram novembro, com o aumento dos custos de energia a ditar um possível adiamento dos investimentos em descarbonização e a operação policial Miríade, que investiga suspeitas de tráfico de droga, ouro e diamantes, por militares portugueses.
Por fim, dezembro, fica marcado por ómicron, a nova variante do coronavírus que provoca a covid-19, e extradição, do ex-banqueiro João Rendeiro, pedida por Portugal à África do Sul.
Este ano, destacaram-se ainda, nas pesquisas, palavras como marquise, geringonça, calceteiro, demagogia, persecutória, contumaz, indulto, sibilino, ‘offshore’, pansexual, prequela e resiliência.
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