“Cabo Verde fez um extraordinário, partindo de um surto em 2016/2017, em que não só teve a capacidade de controlar, como também de interromper completamente a transmissão do paludismo”, disse à imprensa, na cidade da Praia, Pedro Alonso, porta-voz de uma missão da OMS que terminou 10 dias de avaliação do país.
A visita dos técnicos de Genebra e do Escritório Regional a Cabo Verde serviu para preparar a última missão, que vai ser independente, e que vai estar no país antes do final deste ano.
“O país fez um grande trabalho, um grande esforço, não só para eliminar o paludismo, mas também para ter os sistemas que permitem, em caso de importação de novos casos, evitar que se estabeleça mais uma vez a transmissão”, prosseguiu o membro do painel independente da OMS para certificação dos países.
O também catedrático da Universidade de Barcelona e antigo diretor do Programa Mundial da Malária (ou paludismo) da OMS entendeu que a certificação será um “passo muito importante” para Cabo Verde, mas também para toda a região africana e para o mundo.
Mas alertou que não será o fim do trajeto, dizendo que ainda há “muito trabalho” a fazer pelo país nos próximos meses, nomeadamente a prevenção da entrada de novos casos importados de países vizinhos.
“Uma estratégia integrada de controlo dos vetores dos mosquitos seria importante, não só para o paludismo, mas para outras doenças, como dengue ou zika”, sugeriu.
A ministra da Saúde de Cabo Verde, Filomena Gonçalves, lembrou que o processo para obtenção da certificação começou em 27 de dezembro de 2021, com o depósito da candidatura, tendo o país começado a “trabalhar fortemente”.
Entretanto, considerou que o país continua com muito trabalho a fazer, sobretudo no amadurecimento de algumas práticas, bem como no envolvimento de todos os cabo-verdianos.
“À semelhança daquilo que hoje tanto nos orgulha, o abraçar da causa covid-19, também chamamos a todo e qualquer cabo-verdiano, a toda e qualquer instituição pública e privada para colocarmos também na nossa agenda esta causa de Cabo Verde país livre de paludismo”, apelou.
O fim da missão de avaliação a Cabo Verde acontece no mesmo dia em que a OMS certificou o Belize como país livre de malária, com a ministra da Saúde a esperar que sirva de motivação, sublinhando que isso poderá elucidar a todos sobre a “grandiosidade” do processo.
“Porque, conseguindo essa certificação, Cabo Verde estará a fazer história, porque seria o primeiro país africano no espaço de 50 anos a conseguir uma certificação de país livre de paludismo. Portanto, temos uma responsabilidade acrescida”, insistiu.
Filomena Gonçalves salientou que o processo terá um “enorme impacto” na economia cabo-verdiana, especialmente para o turismo, que garante 25% do Produto Interno Bruto.
Há cinco anos que Cabo Verde não regista transmissão local de paludismo e no ano passado teve 21 casos importados.
A malária, uma doença curável, é transmitida entre humanos através da picada de um mosquito infetado, sendo uma das principais causas de morte a nível global.
Comentários