“A situação em Lampedusa é crítica e reconhecemos que estão em curso ações urgentes para devolver a ilha à normalidade”, disse Chiara Cardoletti, representante local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), num comunicado.
“Reconhecemos plenamente as dificuldades causadas por um elevado número de pessoas que chegam simultaneamente a uma pequena ilha, onde as capacidades de acolhimento são limitadas. Para garantir que as pessoas recebem a assistência de que necessitam, o descongestionamento da ilha continua a ser uma prioridade máxima”, acrescentou Cardoletti, expressando o seu apreço pelos esforços das autoridades italianas “que já transferiram quase 5.000 pessoas nas últimas 28 horas”.
“Nesta situação de grave sobrelotação, é prioritário identificar e garantir uma assistência adequada às pessoas vulneráveis, como, por exemplo, os sobreviventes de situações de violência e aqueles com outras condições frágeis”, disse ainda a representante.
Cardoletti mostrou-se confiante de que a situação pode ser resolvida, “com um mecanismo de desembarque que envolve a utilização de navios de maior capacidade para aliviar a pressão sobre Lampedusa, trazendo também as pessoas resgatadas para outras áreas de desembarque”.
Esta solução, explicou a representante, “requer o apoio precoce da União Europeia (UE) num espírito de responsabilidade partilhada e de solidariedade para com os países de primeiro desembarque”.
A representante reiterou ainda o apelo do ACNUR para o estabelecimento de um mecanismo regional para procedimentos de desembarque e de redistribuição das pessoas que chegam por mar.
Itália, a par da Grécia, Espanha ou Malta, é um dos países da “linha da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.
O país está integrado na chamada rota do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção ao território italiano, em particular à ilha de Lampedusa, e a Malta.
Na terça-feira, foram registados 110 desembarques com mais de 5 mil migrantes na pequena ilha siciliana, que fica mais perto da costa africana do que da própria península italiana.
O grande número de chegadas acabou por saturar as infraestruturas locais, onde durante terça-feira se formou um engarrafamento de embarcações à espera para desembarcar na pequena ilha.
O centro de acolhimento (‘hotspot’) de Lampedusa, com capacidade para 400 pessoas, ficou completamente sobrelotado, com cerca de 6 mil migrantes.
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