“Assistimos nas últimas semanas a um padrão particularmente perturbador na sequência dos ataques” em território ucraniano, declarou numa reunião do Conselho de Segurança da ONU Edem Wosornu, em representação do diretor do Gabinete dos Assuntos Humanitários da organização (OCHA), Martin Griffiths.
“Quando os primeiros socorros ou os serviços de emergência se precipitam para o local de um ataque, um segundo bombardeamento atinge o mesmo local, matando os feridos e causando mortes e ferimentos nos elementos dos serviços de socorro”, descreveu a responsável do OCHA, frisando que “tal agrava o sofrimento dos feridos e impede as equipas de socorro de fazerem o seu trabalho”.
Wosornu salientou ainda que “os ataques que visam feridos e aqueles que vêm em sua ajuda são proibidos pelo direito internacional humanitário”.
“São cruéis, inadmissíveis e têm de acabar”, insistiu.
A Ucrânia acusou várias vezes nas últimas semanas a Rússia de ter realizado ataques desse tipo, designados como “ataques duplos”, que consistem em bombardear um local uma primeira vez e depois uma segunda, quando os serviços de emergência chegam ao local.
Edem Wosornu lamentou também que a Ucrânia “esteja a sofrer um dos piores ataques desde o início da guerra”, em fevereiro de 2022.
“Não passa um dia sem que ataques aéreos destruam as vidas de mais famílias em todo o país”, comentou.
“A trajetória de escalada desta guerra é uma ameaça direta à estabilidade regional e à segurança internacional. Acima de tudo, é uma ameaça existencial para o povo ucraniano”, sustentou, por seu lado, o subsecretário-geral da ONU encarregado da Europa, Miroslav Jenca, condenando em especial os ataques a infraestruturas de produção de energia da Ucrânia.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.
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