“Os agricultores emboscaram” na sexta-feira os pastores que atravessavam os “corredores de pasto”, disse Sougour Mahamat Galma à agência France-Presse.
“Os pastores armados e a cavalo entraram em confronto com os agricultores e os combates deixaram nove mortos”, na subprefeitura de Kouka Margne, localizada no centro do país, acrescentou o governador.
O número subiu então para 11 mortos quando “dois criadores que chegaram como reforços com cavalos foram raptados antes de serem mortos pelos agricultores”, indicou Sougour Mahamat Galma.
Forças da segurança foram destacadas para o terreno numa dezena de viaturas, tendo sido recebidas a tiro, lamentou o governador.
Os agentes policiais “estão atualmente a cercar os criadores e os rebanhos”, disse Sougour Mahamat Galma, que apelou à intervenção do exército, temendo “que a violência recomece”.
A violência entre comunidades é frequente no centro e sul do Chade, opondo principalmente os agricultores indígenas sedentários que acusam os criadores de gado, árabes nómadas, de invadirem os seus campos agrícolas para alimentar os seus animais.
Os confrontos na região do Sahel em África têm-se agravado nos últimos anos pela invasão do deserto, a crise climática e a diminuição de terras adequadas para o cultivo e alimentação do gado, bem como a circulação de armas entre a população civil.
Pelo menos 18 civis foram mortos e 27 feridos no sul do Chade em confrontos armados entre agricultores e pastores, que começaram a 13 de setembro.
Em 10 de agosto, 13 pessoas foram mortas em confrontos entre fazendeiros e pastores no leste do Chade. O conflito começou com o roubo de uma enxada de um fazendeiro por uma criança.
A violência intercomunal causou pelo menos 309 mortos e mais de 6.500 deslocados no Chade, entre janeiro e julho de 2021, de acordo com um relatório das Nações Unidas.
O país aguarda o início de um diálogo de reconciliação nacional para chegar a acordo sobre a base para um regresso ao regime civil.
O Chade tem estado sob o controlo do Conselho Militar de Transição (CMT) desde a morte, em abril de 2021, durante confrontos violentos entre rebeldes e o exército chadiano, do Presidente Idriss Déby Itno, que governava o país desde 1990.
Após a tomada do poder, o CMT, liderado por Mahamat Idriss Déby, 38 anos e filho do defunto presidente, anulou a Constituição e dissolveu o Governo e o parlamento.
Déby prometeu realizar eleições livres e democráticas no prazo de 18 meses, na sequência de um “diálogo nacional inclusivo” com toda a oposição política e com os muitos grupos rebeldes.
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