“Sem falar com as equipas de cada centro de saúde e sem conhecer em detalhe a população mais vulnerável, de nada adiantará divulgar medidas desgarradas que já provaram ser completamente ineficazes”, afirma o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, em comunicado enviado à agência Lusa.
Entre as medidas “avulsas” que considera ineficazes, Carlos Cortes destaca a abertura de centros de saúde “sem condições” aos fins de semana, para evitar o recurso da população às urgências hospitalares.
“O resultado está à vista: o caos”, alega.
"Estamos a administrar a solução dos problemas de forma pontual, sem contexto, nem planeamento. Com esta visão redutora, estamos a agravar as condições de funcionamento dos centros de saúde e a entupir os serviços de urgência dos hospitais. Nas urgências dos hospitais da Região Centro, o principal responsável do caos a que estamos a assistir não é a gripe. É a incapacidade do Ministério da Saúde em dar resposta necessária a este flagelo", acusa Carlos Cortes.
Na nota, o presidente da SRCOM alerta para a “sistemática escassez de recursos humanos e recurso técnicos da maioria dos centros de saúde da região Centro”, argumentando que a secção regional da Ordem não pode ficar indiferente a esses factos.
“Esta não pode ser a resposta do Ministério da Saúde para fazer face à gripe. Há centros de saúde que nem têm forma de fazer nebulizações, a maioria nem oxímetros tem. Casos existem que nem injetáveis ou medicação mais simples possuem”, denuncia Carlos Cortes.
O responsável da SRCOM lamenta a “falta de planeamento” e “profunda incompetência” do ministério da Saúde para enfrentar o surto de gripe, acusando a tutela de utilizar a “mesma fórmula ineficiente” em vez de preparar “atempadamente” o momento em que os focos gripais se fazem sentir com maior intensidade.
Carlos Cortes defende, ao invés, a aposta numa “forte campanha de informação às populações durante o ano”, afirmando que a literacia em saúde “não pode ser apregoada só nos momentos de crise”.
“Num estudo recente realizado em dezembro de 2017, Portugal foi considerado dos países da Europa com literacia em saúde inadequada mais frequente (72,9% da população)”, refere ainda a nota da secção regional do centro da Ordem dos Médicos.
Afirma também que o Serviço Nacional de Saúde “continua a resistir com a ajuda de profissionais empenhados e dedicados” e que não basta a tutela dizer que existe um plano de contingência nas unidades de saúde.
“Trata-se de uma medida que denota falta de planeamento e desconhecimento dos motivos que leva ao aumento do fluxo de doentes aos hospitais", sustenta Carlos Cortes.
Comentários