Isabel Cácio, em declarações à agência Lusa, afirmou que “não é tolerável qualquer tipo de interferência sobre a decisão médica, venha ela de onde vier, de outros médicos ou pessoas que tutelam, de uma forma ou outra, a saúde na região”.
A reação da responsável pelos médicos nos Açores surge após a divulgação do processo de inquérito às evacuações médicas de doentes das ilhas de São Jorge e da Graciosa, que foram pedidas quase em simultâneo, revelando o documento ter havido interferência na decisão da médica reguladora em relação a quem socorrer primeiro.
O relatório final do processo de inquérito, remetido pelo Governo dos Açores à Assembleia Legislativa Regional, demonstra que, desde o momento em que foram acionados os pedidos de ajuda a uma doente de São Jorge e a um doente da ilha Graciosa, até terem sido ativados os mecanismos junto da Unidade de Deslocações e Evacuações Aéreas (UDEA) e da Força Aérea Portuguesa (FAP), a médica reguladora, a quem compete tomar as decisões sobre as evacuações aéreas, foi interpelada múltiplas vezes por pessoas alheias ao serviço.
Isabel Cácio considera que tem que haver “total independência” para que haja uma decisão clínica “correta e atempada” nos casos em que é necessário decidir “não só a pertinência da evacuação como estabelecer prioridades”, uma vez que havia dois pedidos “quase em simultâneo”.
Para a presidente do Conselho Médico da Ordem dos Médicos nos Açores, o sistema de evacuações médicas na região funciona, mas não “pode verdadeiramente haver interferências no trabalho e decisão médica”, o que se pretende “defender intransigentemente”.
“Se algum dia houver algum tipo de dúvida ou queixa sobre a maior ou menor correção da decisão médica, esta deve ser participada a quem de direito para ser analisada pelos seus pares, a Ordem dos Médicos”, declarou a responsável.
O PSD/Açores defendeu na segunda-feira que o secretário regional da Saúde não tem condições para continuar à frente do cargo, por ter sido comprovado que interferiu numa decisão de evacuação médica em fevereiro de 2017.
“Apesar dos factos muito graves apurados pelo inquérito da Inspeção Regional da Saúde, o senhor presidente do Governo [Regional] prefere que a culpa morra solteira. Se Vasco Cordeiro ainda tivesse algum sentido de decência política, já teria percebido há muito tempo que o secretário regional da Saúde deixou de ter condições para continuar no cargo”, adiantou Mónica Seidi, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD no parlamento açoriano.
No parlamento regional, esta semana terá lugar uma interpelação ao Governo Regional, apresentada pela bancada do PS, que está em maioria no parlamento dos Açores, respeitante ao serviço de transporte aéreo de emergência médica.
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