Os Turpin foram acusados de tortura, confinamento e abuso infantil contra os seus filhos biológicos, os quais espancaram e estrangularam, além de mantê-los desnutridos, de só permitir que tomassem um banho a cada ano e de nunca levá-los ao médico.
A sua audiência de sentença está prevista para 19 de abril, num tribunal do condado de Riverside. Os dois podem ser condenados a prisão perpétua. O procurador encarregado com o caso, Michael Hestrin, disse que, em virtude da declaração de culpa, serão sentenciados ao "máximo que podem receber segundo a lei da Califórnia", que é a prisão perpétua, com direito à audiência para a liberdade condicional em 25 anos.
"Este é um dos casos mais graves, um dos piores de maus-tratos infantis que vi na minha carreira de procurador", disse Michael Hestrin durante uma conferência de imprensa, adiantando que o seu gabinete procurou esta declaração para evitar que os filhos dos Turpin, com idades entre 3 e 30 anos, tivessem de depor em tribunal.
Os 13 irmãos estão aos cuidados dos serviços de proteção de crianças e adultos do condado. "Reuni-me com todas as vítimas nos dias anteriores, inclusive a de 3 anos", disse Hestrin, a qual diz tê-lo cativado pelo "seu otimismo, a esperança no futuro. Tem vontade de viver e um grande sorriso"
Dois anos para fugir
A família morava numa casa confortável da cidade de Perris, condado de Riverside, a sudeste de Los Angeles.
A filha Jordan Turpin, então com 17 anos, fugiu por uma janela, levando consigo um telemóvel, com o qual conseguiu ligar para os serviços de emergência. A operação foi planeada durante dois anos.
Na chamada, informou que as suas duas irmãs menores "estavam acorrentadas às suas camas" por violar as regras da casa, ao ir buscar caramelos à cozinha sem permissão. "Às vezes, as minhas irmãs acordam e começam a chorar" de dor, tendo a jovem pedido às autoridades para ajudá-las.
Arredada em casa pelos pais, a jovem admitiu ter uma educação equivalente ao primeiro ano e demonstrou ter dificuldades, inclusive, para soletrar o seu apelido. Ao ler um envelope, não conseguia distinguir entre o número da casa e o código postal da sua residência.
O oficial do xerife, Manuel Campos, que respondeu à chamada de emergência, declarou em janeiro que a jovem de 17 anos, que falava e se parecia com uma menina, tinha os cabelos e a pele muito sujos e admitiu que estava "morta de medo". Segundo a procuradoria, todos os filhos foram submetidos a um "abuso prolongado" e ao resgatá-los foi preciso hospitalizá-los e colocá-los em tratamento físico e psicológico.
Comentários