O professor do 1.º ciclo do ensino básico, de 50 anos, detido na quarta-feira pela alegada prática de pelo menos dois mil crimes de abuso sexual de crianças, ocorridos nos últimos sete anos, ficou, na quinta-feira, em prisão preventiva, depois de presente a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Braga, durante o qual se remeteu ao silêncio.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Associação de Pais e Encarregados de Educação do Centro Escolar António Lopes diz que, assim que “tomou conhecimento” da investigação da Polícia Judiciária (PJ) pela comunicação social, e “face à gravidade dos factos relatados e o alarme social que gerou”, agiu “com a urgência, a prudência e a sensibilidade que uma situação desta natureza exige”.
“Estabeleceu contacto com a direção do Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio, com os responsáveis do Executivo da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e, deu-se lugar a uma reunião aberta a todos os Pais e Encarregados de Educação, tendo sido percebida a perplexidade, inquietação e choque na assimilação da real dimensão do problema e de todas as repercussões, diretas e indiretas, que estes alegados factos produzem na alteração das dinâmicas do estabelecimento de ensino e da comunidade escolar”, lê-se no comunicado.
“No cumprimento das suas obrigações para com a comunidade escolar”, a associação de pais entende que se impõe “dar voz ao sentimento generalizado dos pais e encarregados de educação” do estabelecimento de ensino.
“Que, ainda nos diferentes estágios naturais do processo de assimilação dos graves contornos dos alegados factos, procuram achar respostas às muitas debilidades que identificamos e que profundamente nos inquieta, com a exposição de toda esta situação. Estaremos atentos a todos os progressos da investigação e procuraremos contribuir para a tomada de medidas necessárias junto das devidas instâncias, de forma a garantir uma escola mais atenta e mais segura, mais capaz de responder a necessidades especializadas em contexto de adversidades”, defendem os pais.
A associação de pais dá conta de que a sua primeira preocupação “foi a da preservação dos direitos fundamentais de respeito e da dignidade, de reserva e privacidade dos alunos e famílias que se possam sentir vulnerabilizados com os factos relatados”.
Além disso, diz que foram abertos canais “para a devida assistência profissional e especializada, na preocupação da salvaguarda de todos os preceitos legais inerentes ao inquérito judicial em curso”.
“A nossa responsabilidade é para com a salvaguarda dos interesses das crianças, primeiramente em todas as dimensões que digam respeito à frequência do estabelecimento de ensino, e no apoio a todo o agregado da comunidade escolar, nomeadamente as famílias”, acrescentam os pais.
Esta associação adianta também que encetou esforços para que as respostas e o acompanhamento essenciais e urgentes “fossem acionados no imediato, sob pena de que os impactos destes alegados factos pudessem e possam produzir junto dos mais vulnerabilizados por esta situação”.
Em comunicado, divulgado na quarta-feira, a Polícia Judiciária indica que o docente é suspeito “da prática de cerca de, pelo menos, do que foi possível apurar até ao momento, dois mil crimes de abuso sexual de crianças, a maioria agravados, e também, pelo menos, de um crime de pornografia de menores”.
“O suspeito vinha praticando os abusos, pelo menos desde o ano letivo 2017/2018 até à atualidade, em contexto de sala de aula e sobre alunas com idades entre os 6 e os 9 anos, na escola básica onde se encontrava a trabalhar”, lê-se no comunicado.
O professor já tinha lecionado em escolas do Porto, de Vila Nova de Gaia, de Barcelos e de Amares.
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