"Continuo a pensar naqueles instantes. Não consigo apagá-los da minha memória", contou Yusuf Kodat, em entrevista à AFP. "Pessoas em pânico, sangue, barulho de disparos", descreveu.
Os dois primos, que vivem na Alsácia (leste de França), foram à Turquia para as festas de fim de ano e decidiram celebrar na Reina, na margem do Bósforo, na parte europeia de Istambul.
"Ouvimos dois, três tiros. Achámos que fosse uma briga à porta", conta Yunus Turk. "E, depois de 10, 15 segundos, [o agressor] entrou e começou [a disparar]. Aí dissemos para nós mesmos 'é um ataque, é um tiroteio’”, acrescentou. O jovem, que diz conhecer bem o espaço da discoteca, incitou o primo a fugir para o terraço.
"Foi então que nos perdemos [um do outro], escondemo-nos, algumas pessoas saltaram para a água", continuou Yunus. O pânico tomou conta das mais de 700 pessoas que estavam na discoteca. "Havia pessoas a correr ao meu lado e que foram atingidas por tiros. Talvez estejam entre os mortos, ou feridos, eu não sei", acrescentou. "Na verdade, por causa do pânico, corríamos em todas as direções. Não olhávamos muito para o que estava a acontecer à nossa volta", contou.
"Esperámos pela polícia por 10, 15 minutos", acrescentou Yusuf Kodat, adiantando que só ficou mais calmo quando conseguiu contactar o primo, através de mensagem. Após a chegada das autoridades, as operações de evacuação foram alvo de rigorosa vigilância. "Retiraram um de cada vez, com as mãos no ar, enquanto nos revistavam", contou Yusuf.
"A polícia fez-nos passar pelo sótão e, por isso, não vimos o salão principal", disse o primo. "Mas no terraço havia alguns cadáveres, sangue por todo lado, estilhaços de vidro", acrescentou.
De acordo com a imprensa turca, a ofensiva durou cerca de sete minutos. Prossegue a caça ao homem na Turquia, com as autoridades à procura do autor do atentado, entretanto reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico. Esta segunda-feira, a polícia antiterrorista de Istambul deteve oito pessoas suspeitas de estarem ligadas ao ataque.
Comentários