Qual é o programa do Papa em Fátima?
No sábado, 5 de agosto, o Papa desloca-se à Cova da Iria. O helicóptero aterrou no Estádio de Fátima às 08h35. De seguida, Francisco recita o terço com os jovens doentes, na Capelinha das Aparições, às 09h30.
Foi também frisado que o Papa rezará pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia.
O pontífice sai de Fátima às 11h00.
Acompanhe aqui em direto a visita do Papa Francisco a Fátima.
O que se sabe sobre o helicóptero do Papa?
O helicóptero EH-101 que fará o transporte do Papa Francisco entre Lisboa e Fátima é habitualmente usado em missões de busca e salvamento em todo o território nacional.
Segundo revelou o major Rodolfo Gouveia, piloto comandante e instrutor da Esquadra 751 da Base Aérea Nº6, esta é uma aeronave de grandes potencialidades que também pode ser usada no transporte aéreo tático e apoio a diversas missões específicas.
“O que nós temos planeado é a viagem de 50 minutos, desde o aeroporto de Figo Maduro até ao heliporto de Fátima. E depois, no regresso, transportaremos também Sua Santidade, o Papa Francisco, até ao aeroporto de Lisboa”, acrescentou, adiantando que a viagem será efetuada a uma “velocidade média de 250 quilómetros por hora”.
O major Rodolfo Gouveia referiu ainda que o helicóptero será configurado com “cadeiras desenhadas pelo próprio fabricante, a Leonardo Helicópteros, que têm uma configuração VIP diferente e que são mais confortáveis e mais espaçosas”.
O transporte do Papa não constitui novidade para os cerca de 100 elementos da Esquadra 751, que já fizeram missões idênticas em 1982, 1990, 2000, 2010 e 2017, esta última já no pontificado do Papa Francisco.
Quantas pessoas são esperadas no Santuário de Fátima?
Cerca de meio milhão de pessoas são esperadas em Fátima para a visita do Papa Francisco por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, segundo o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
“A GNR [Guarda Nacional Republicana] está totalmente empenhada e mobilizada para garantir todas as condições de segurança àqueles que se dirijam a este santuário e a toda esta região, uma mobilização que se espera possa vir a ter cerca de 500 mil peregrinos no dia 05, entre os 300 mil no perímetro mais próximo do santuário e depois mais 200 mil nas imediações”, afirmou.
Como vai ser a operação de segurança?
Cerca de dois mil militares da GNR vão estar em Fátima para a deslocação do Papa Francisco ao santuário.
A utilização de ‘drones’ no espaço aéreo da Cova da Iria vai também estar proibida a partir de sábado devido à deslocação do Papa Francisco ao santuário.
“O espaço de Fátima tem interdição aérea e, portanto, não está autorizada a utilização de qualquer ‘drone’ neste recinto”, disse à agência Lusa o major Carlos Canatário, oficial de comunicação e relações públicas da operação da GNR em Fátima.
Segundo Carlos Canatário, a GNR “tem a capacidade e tem o equipamento ‘antidrone’ de poder detetar e intercetar qualquer ‘drone’ que seja ou que esteja passível de ser utilizado em todo este recinto”.
A GNR, à semelhança da visita do Papa Francisco, em maio de 2017, vai também fazer revistas aleatórias no recinto do Santuário de Fátima, nos dias 4 e 5, pelo que pede aos peregrinos que cheguem atempadamente ao recinto do santuário.
“Aquilo que vamos procurar é elevar o nível de segurança nos momentos em que nos parece mais crítico e fazê-lo de forma aleatória, de acordo com aquilo que é o nosso trabalho de informações e aquilo que é o trabalho da visibilidade e do controlo que os militares têm do terreno”, adiantou, referindo que tais revistas ocorrerão apenas no recinto do santuário apenas.
Neste espaço, destacou este responsável, “como é natural, deve haver uma preocupação acrescida, sobretudo com os bens e os volumes que as pessoas possam trazer consigo”.
Por outro lado, o número de operacionais da proteção civil que vão estar em Fátima por ocasião da visita do Papa pode chegar aos 300, com o apoio de 40 a 50 viaturas (ambulâncias, veículos de transporte, motos e veículos de combate a incêndios).
As entidades que colaboram nesta operação em Fátima são, além dos corpos de bombeiros, escuteiros, Cruz Vermelha Portuguesa, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (sapadores florestais), Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Serviço Municipal de Proteção Civil de Ourém e posto de socorros do Santuário de Fátima.
Qual a ligação dos papas a Fátima?
- Paulo VI
A primeira visita de um Papa a Portugal ocorreu em 13 de maio de 1967, quando Paulo VI visitou Fátima nos 50 anos dos acontecimentos da Cova da Iria.
O Papa aterrou na base aérea de Monte Real para uma visita pastoral e não oficial num período de tensão nas relações entre Portugal e o Vaticano, depois da visita papal à Índia.
Nem o Governo nem o presidente do Conselho, Salazar, gostaram que Paulo VI tivesse visitado a Índia em 1964, três anos após a invasão de Goa, Damão e Diu pelo Estado indiano, considerando a deslocação um “insulto à nação portuguesa”.
A visita a Fátima teve grande adesão popular, com milhares a aplaudirem, no percurso entre Monte Real e a Cova da Iria, o Papa que, três anos antes, tinha anunciado a concessão ao santuário da Rosa de Ouro (distinção atribuída pelo Papa a personalidades, santuários, igrejas ou cidades por serviços prestados à Igreja ou a bem da sociedade).
- João Paulo II
Quinze anos depois, entre 12 e 15 de maio, teve lugar a primeira visita de João Paulo II, marcada pelo agradecimento pela “proteção maternal de Nossa Senhora”, que lhe “conservou a vida” no atentado do ano anterior, em Roma.
“Venho hoje aqui porque exatamente neste mesmo dia do mês, no ano passado, se dava, na Praça de São Pedro, em Roma, o atentado à vida do Papa, que misteriosamente coincidia com o aniversário da primeira aparição em Fátima, a 13 de maio de 1917”, disse João Paulo II, que reconheceu nesta coincidência “um chamamento especial” para estar em Fátima.
Nesta visita, registou-se nova tentativa de atentado. Desta vez, pelo padre Juan Khron, antigo discípulo espanhol do arcebispo ultraconservador francês Marcel Lefébvre que atentou contra João Paulo II, acusando-o de trair a Igreja. O Papa escapou ileso.
Esta deslocação a Portugal levou o Papa polaco, além de Fátima, a Lisboa, Vila Viçosa, Braga e Porto.
Em 1991, dá-se a segunda visita de João Paulo II a Portugal, entre 10 e 13 de maio, e além da Cova da Iria, também Lisboa, Açores e Madeira receberam Karol Wojtyla.
Na ocasião, o pontífice ouviu o então Presidente da República, Mário Soares, alertar para a situação em Timor-Leste, ainda a viver sob ocupação militar indonésia, desde 1975.
Finalmente, em 2000, em 12 e 13 de maio, decorre a terceira e última visita a Fátima de João Paulo II, então já doente e prestes a completar 80 anos. Era grande a expectativa sobre a revelação do terceiro segredo de Fátima, numa visita em que os pastorinhos Jacinta e Francisco foram beatificados.
Segundo o Cardeal Sodano, então secretário de Estado do Vaticano, o terceiro segredo de Fátima “previa” o atentado contra João Paulo II, em 13 de maio de 1981. Nesta peregrinação, o Papa ofereceu a Nossa Senhora de Fátima o anel com o lema "Totus Tuus" que o cardeal Wyszyński lhe havia ofertado no início do seu pontificado.
- Bento XVI
Dez anos volvidos, entre 11 e 14 de maio, foi a vez de Bento XVI visitar Portugal.
Além de Fátima, onde já estivera, enquanto cardeal, anos antes, Joseph Ratzinger celebrou missa na Praça do Comércio, em Lisboa, que juntou cerca de 500 mil pessoas, e outra no Porto, na Praça da Liberdade.
No voo de Roma para Lisboa, Bento XVI tinha a mensagem preparada e era para o interior da Igreja: “a maior perseguição à Igreja” não vem de “inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja”.
Comentando os escândalos de pedofilia que afetavam a imagem da hierarquia católica, o Papa disse: “A Igreja tem uma profunda necessidade de reaprender a penitência, aceitar a purificação e implorar perdão”, sublinhando a "necessidade de justiça" neste processo.
- Francisco
Em 2017, no centenário das aparições, Francisco visitou pela primeira vez Fátima, quase repetindo o programa de Paulo VI, aterrando também em Monte Real.
Foram milhares os peregrinos que assistiram na Cova da Iria, no dia 13 de maio, à canonização de Francisco e Jacinta Marto, crianças que considerou como “exemplo”, tendo em conta “a força para superarem contrariedades e sofrimentos” que lhes “foi dada pela Virgem Maria, presença constante nas suas vidas”.
Na sua visita de menos de 24 horas a Portugal, fez apelos à “paz e concórdia entre os povos”.
Durante a sua presença no Santuário de Fátima, teve um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, que lhe expressou a vontade de Portugal colaborar na promoção dos valores da proteção dos mais frágeis, como o acolhimento aos refugiados, a promoção da paz nas instâncias internacionais e o desenvolvimento de África.
Francisco reunira-se, logo à chegada a Monte Real, com o Presidente da República durante 10 minutos.
Durante as cerimónias de 13 de maio, o então bispo de Leiria-Fátima, António Marto, saudou a "voz profética" de Francisco, capaz de abater muros, de lançar pontes e de dar voz a quem não a tem.
* Com Lusa
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