Em causa estão requerimentos apresentados pelo PCP e pelo CDS-PP esta quarta-feira apreciados na reunião da comissão, pedindo, respetivamente, um adiamento da audição marcada para hoje a Carlos Pereira, bem como uma audição ao ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, sobre esta nomeação para a Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE).
Intervindo na ocasião, o deputado comunista Bruno Dias defendeu que, “havendo questões e necessidade de aprofundar o enquadramento deste processo”, a audição da pessoa indigitada deve ser adiada e, inclusive, “realizar-se após a audição do Governo”.
A seu ver, isto poderá dar “um contributo a um processo que, como todos nesta matéria [da regulação], deve ser concluído com bom senso, sensatez e de forma adequada”.
Ainda antes da apresentação deste requerimento, e no dia após o anúncio da nomeação, o CDS-PP apresentou na terça-feira um documento solicitando a audição a Caldeira Cabral.
Segundo o deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares, seria “muito importante ouvir o Governo nesta matéria” e isso deve acontecer “neste momento”.
“Estamos a falar de alguém que é um deputado da maioria socialista [Carlos Pereira] e, para nós, há uma questão relativamente à forma de isenção e à garantia de imparcialidade nestes casos que nos parece que deve ser discutida do ponto de vista político”, acrescentou.
Falando em nome do PS, o deputado Hugo Costa disse que o partido está “disponível para um debate transparente”, mas ressalvou que as audições devem ser “marcadas com urgência” para que “isto não se arraste no tempo”.
O deputado apontou ainda a possibilidade “de o ministro se substituir pelo secretário de Estado [da Energia, Jorge Seguro Sanches], tendo em conta o período orçamental”.
Para o centrista Pedro Mota Soares, isso só deverá acontecer “se o ministro não tiver agenda para vir ainda esta semana à comissão”, mas tal “cabe ao Governo decidir” e não ao PS.
Pelo PSD, Emídio Guerreiro apontou que em causa está “uma entidade reguladora de uma matéria muito sensível, que tem a ver com a vida das pessoas e das empresas e, por isso, seria bom para a democracia que o regulador fosse capaz de cumprir o seu papel” com “grande independência”.
Já o bloquista Heitor de Sousa considerou que “o tempo pode ser bom conselheiro para perceber as razões desta nomeação, que parecem estranhas”.
“Importa perceber as intenções que o governo tem e se havia outras pessoas indicadas”, adiantou o deputado do BE.
O Governo escolheu o deputado socialista Carlos Pereira para vogal do Conselho de Administração da ERSE, substituindo no cargo Alexandre Santos, cujo mandato terminou em maio.
A nomeação já teve parecer favorável da Comissão de Recrutamento e Seleção para Administração Pública (Cresap), que considerou que o perfil de Carlos Pereira é “adequado” às funções, visto que “apresenta um perfil académico com licenciatura em Economia complementada com pós-graduações em economia e sociologia rural, planeamento, estratégia e gestão de turismo”.
Além disso, o escolhido “tem experiência profissional superior a 20 anos em cargos de gestão privada e cargos políticos como vereador e deputado na Assembleia da República, onde participou em várias comissões relacionadas com este setor, destacando-se a coordenação da elaboração e discussão de diversos diplomas sobre o setor da energia”, refere o parecer a que a Lusa teve acesso.
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