No âmbito das eleições europeias, a agência Lusa enviou um questionário a todos os partidos, que, sobre o conflito na Faixa de Gaza, perguntou aos candidatos se consideram que “os apelos europeus à paz e a uma intervenção forte na UE devem chegar a imposição de sanções a Israel”.

Entre os partidos com assento parlamentar, o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD), Sebastião Bugalho, defende que está em curso uma “catástrofe humanitária que exige um cessar-fogo imediato, que é a única forma de fazer chegar a ajuda humanitária” ao território.

“Os Estados da União Europeia (UE) estão divididos (designadamente, com vetos da Hungria, República Checa, por vezes Áustria e Alemanha), o que impossibilita a adoção de sanções”, refere o candidato, que acrescenta que, apesar disso, já foram impostas sanções a indivíduos com colonatos na Cisjordânia e foi suspensa venda de material militar a Telavive, o que considera ponderado.

Por sua vez, a “número um” do PS, Marta Temido, não aborda diretamente a questão das sanções, mas salienta que a UE “deve atuar sempre procurando defender uma solução estrutural e sustentável para o conflito”, desde logo afirmando a solução de dois Estados e procurando dialogar com os atores regionais e internacionais relevantes.

“A UE deve envidar todos os esforços para garantir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e assegurar o cumprimento efetivo do Direito Internacional Humanitário. É ainda necessário reforçar o apelo a um cessar-fogo humanitário que abra a porta a negociações de paz”, defende a candidata.

O Chega, que apresenta António Tânger Corrêa como “número um”, é o único partido que não fala explicitamente na necessidade de um cessar-fogo, considerando que “é preciso parar a espiral de violência e ódio”, mas defendendo que não se pode esquecer que o conflito “começou com o ataque terrorista monstruoso do Hamas”.

“Também não podemos ignorar que Israel é uma democracia que partilha o essencial dos nossos valores civilizacionais, além de ser uma barreira de segurança que nos protege de potências totalitárias revisionistas, como o Irão”, refere, salientando que apoia o direito de Israel a defender-se, “sempre dentro do quadro do direito internacional”.

Já a Iniciativa Liberal (IL), que tem como cabeça de lista João Cotrim de Figueiredo, frisa que, na atual situação, não se pode excluir a imposição de sanções a Israel, e defende “um cessar-fogo imediato, a libertação de reféns e o respeito pelo direito internacional”.

“A atual resposta desproporcional e a consequente catástrofe humanitária são condenáveis e Israel, por culpa própria, perdeu a autoridade moral e todos os dias perde aliados”, defende o candidato.

O Bloco de Esquerda (BE) é o único partido que pede explicitamente a imposição de sanções a Israel, apelando também a que se “termine de imediato o contrato de associação” de Bruxelas com Telavive, se decrete o embargo de venda de armas e se acompanhe a África do Sul na acusação de genocídio junto do Tribunal Internacional de Justiça.

“E, claro, reconhecer o Estado da Palestina”, lê-se na resposta da cabeça de lista, Catarina Martins.

Já a CDU considera que o atual conflito “expôs o cinismo, a hipocrisia, os duplos padrões da UE em matéria internacional” e defende que “é preciso pôr fim a esta barbárie”.

“É preciso condenar firmemente Israel, suspender o acordo de associação UE-Israel, cessar as exportações de armas. (…) É necessário um cessar-fogo imediato e permanente, o acesso incondicional da ajuda humanitária, a criação do Estado da Palestina”, sustenta o candidato João Oliveira.

O Livre também pede um “cessar-fogo imediato” e o reconhecimento do Estado da Palestina, apelando ainda à revisão do acordo comercial da UE com Israel para avaliar se Telavive está “a cumprir os pré-requisitos do mesmo, nomeadamente no que toca ao respeito pelo direito internacional humanitário e pelos direitos humanos”.

Também o “número um” do PAN, Pedro Fidalgo Marques, pede que sejam “feitos todos os esforços não só para a reposição da paz e do cessar-fogo”, mas também para garantir “a existência de corredores humanitários”, e defende a solução dos dois Estados.