Num documento datado de dia 4 de julho, que recorda que a Associação José Afonso (AJA) recentemente lançou uma petição com este mesmo objetivo (que hoje conta com mais de 11 mil assinaturas), o grupo parlamentar do PCP defende “que é urgente preservar e divulgar a obra de José Afonso, permitindo o seu acesso a todos, pelo que considera que o Governo deve envidar todos os esforços para recuperar toda a obra do músico, tendo em vista a sua reedição”.
Os deputados comunistas lembram que se vão cumprir 90 anos do nascimento do autor de “Grândola, Vila Morena” no dia 02 de agosto e que urge classificar “a obra de José Afonso como de interesse nacional”, bem como avançar com o “desenvolvimento das diligências necessárias para recuperar toda a obra do músico, tendo em vista a sua reedição e divulgação”.
Em junho, aquando do lançamento da petição pela AJA, o presidente desta estrutura, Francisco Fanhais, salientava que se estava perante “um imbróglio jurídico, porque a Movieplay [editora que detém os direitos comerciais da obra de José Afonso] está em situação de insolvência e não se sabe do paradeiro dos ‘masters’ das músicas gravadas pelo Zeca Afonso”, o que compromete a reedição destes trabalhos.
Apesar de já ter havido contactos com o Ministério da Cultura, com a atual ministra e com o antecessor, a AJA decidiu lançar a petição com o objetivo de acelerar este processo de classificação da obra de José Afonso – que considera ser “referência maior da cultura musical portuguesa” -, com vista à sua proteção através de uma “especial tutela do Estado”.
Figura maior da cultura portuguesa, como o define o PCP, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu em 02 de agosto de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra.
“Em 1953, são editados os seus primeiros discos, ambos de 78 rotações e gravados no Emissor Regional de Coimbra da Emissora Nacional, com fados de Coimbra. Foram então editados pela Alvorada, não existindo hoje exemplares”, sublinha o partido, que, segundo a AJA, chegou a convidar o músico para aderir, tendo José Afonso recusado “invocando a sua condição de classe”.
No final da década de 1960 assina contrato com a Orfeu, pela qual edita a maior parte da sua obra: “Cantares do Andarilho”, “Contos Velhos Rumos Novos”, “Traz Outro Amigo Também”, “Cantigas do Maio”, “Eu Vou Ser Como a Toupeira”, “Venham Mais Cinco”, “Coro dos Tribunais”, “Com as Minhas Tamanquinhas”, “Enquanto Há Força” e “Fura Fura”.
José Afonso morreu no dia 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada em 1982.
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