Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público cumpriram 17 mandados de buscas e apreensão em residências, escritórios e órgãos públicos vinculados ao presidente da empresa municipal de promoção turística (Riotur), Marcelo Alves.
“As ordens são o resultado de uma investigação em andamento para verificar suspeitas de irregularidades envolvendo empresas contratadas pelo prefeito [presidente da Câmara] do Rio de Janeiro”, explicou o Ministério Público em comunicado, acrescentando que não poderia dar mais detalhes para não violar o processo judicial.
A investigação atinge o bispo evangélico e prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que deverá tentar ser reeleito nas próximas eleições, que acontecem em outubro.
Os mandatos judiciais foram emitidos no âmbito de uma investigação conhecida como “Sede do Suborno” no gabinete de Crivella, para verificar as alegações de um operador de moeda estrangeira que atuava no mercado de câmbio, Sérgio Mizrahy, que foi preso no ano passado acusado de cometer irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato, a maior operação anticorrupção da história do Brasil.
Num acordo assinado com o Ministério Público em dezembro em troca de benefícios judiciais, Mizrahy denunciou a existência de uma rede que exigia subornos de empresas interessadas em celebrar contratos com o prefeito do Rio de Janeiro na administração de Crivella, que iniciou a sua gestão em 2017.
Segundo o informador, a rede era comandada pelo empresário Rafael Alves, irmão do presidente da Riotur e um dos responsáveis por recolher doações para a campanha eleitoral com a qual Crivella foi eleito prefeito em 2016.
Mizrahy disse que após as eleições e depois de Crivella ter nomeado o seu irmão como presidente da Riotur, Rafael Alves montou uma rede para receber suborno junto de intermediários em vários contratos da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Mizrahy, que disse ter rompido alguns dos negócios ilegais, admitiu que não sabe se Crivella está ciente da corrupção em seu governo e que não tem provas contra o prefeito.
Embora nem o Ministério Público nem a Polícia Civil tenham confirmado se o prefeito é o alvo das investigações, os mandados de busca foram emitidos por um tribunal de segunda instância, indicando que os promotores tinham que solicitá-los perante um tribunal com poderes para investigar autoridades.
Embora o seu nome não tenha sido oficialmente citado até agora na investigação, cujo alvo principal são homens da sua confiança, Crivella suspendeu toda a agenda pública na terça-feira, ficou confinado no seu escritório e absteve-se de qualquer comentário.
Além dos laços estreitos entre Alves e Crivella, que fizeram uma visita a Jerusalém juntos após as eleições de 2016, o empresário foi um dos principais contribuintes financeiros nas campanhas eleitorais do bispo evangélico em 2012 e 2014, nas quais obteve mandatos parlamentares.
Crivella é um dos principais líderes do Partido Republicano, uma formação controlada pela influente Igreja Universal do Reino de Deus. Ele também é sobrinho do fundador deste grupo evangélico, o bispo Edir Macedo.
O prefeito do Rio de Janeiro aspira ser reeleito em outubro próximo e, para isso, negoceia o apoio do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e do governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
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