Varsóvia acusa Moscovo e Minsk de orquestrarem o afluxo de migrantes africanos através da Bielorrússia e em direção à Polónia, um país limítrofe da União Europeia (UE).

O objetivo consiste em “tornar mais difícil a passagem de migrantes ilegais através da fronteira polaco-bielorrussa de garantir as melhores condições de funcionamento para os guardas fronteiriços, o Exército e a polícia” estacionados no loca, indicou aos ‘media’ o primeiro-ministro polaco Donald Tusk.

“Em termos gerais, a zona vai abranger (…) duas secções onde existe um grande número de passagens (…), numa extensão de 60 quilómetros”, precisou o vice-ministro do Interior, Czslaw Mroczek.

“Numa área de 45 quilómetros, vai tratar-se de uma zona com cerca de 200 metros de profundidade. Na parte que atravessa reservas naturais, a zona será um pouco mais profunda, mas não ultrapassará os dois quilómetros”, acrescentou à televisão TVN24.

Em mais de 400 quilómetros da fronteira polaco-bielorrussa, a Polónia construiu em 2022 uma barreira metálica de 5,5 metros de altura, completada com arame farpado para dissuadir os migrantes.

Em 2021, o anterior governo nacionalista tinha instaurado uma zona-tampão com uma largura de cerca de três quilómetros e ao longo de toda a fronteira, proibida para os não-residentes, incluindo a Organizações não-governamentais (ONG) e jornalistas, uma decisão depois revertida.

Nem esta barreira nem as zonas florestais, pantanosas e florestais conseguiram deter o fluxo de migrantes acusados por vezes de comportamentos agressivos.

Na passada quinta-feira, um soldado polaco foi morto após ser apunhalado por um desconhecido junto da barreira.

Em maio, os soldados polacos efetuaram mais de 700 disparos de advertência dirigidos aos migrantes, indicou na semana passada o ministério da Defesa polaco.

Em paralelo, numerosas organizações humanitárias acusam a Polónia de prosseguir a prática ilegal de expulsões forçadas e violências sobre os migrantes.

Segundo os guarda fronteiriços polacos, foram detetadas desde o início do corrente ano mais de 17.000 tentativas de passagem ilegal da fronteira bielorrussa.

Em maio, Varsóvia anunciou pretender canalizar mais de 2,3 mil milhões de euros para reforçar esta fronteira, que na sua perspetiva é utilizada pela Rússia para desestabilizar a região através de ataques híbridos.

Segundo Varsóvia, mais de 90% das pessoas que tentam atravessar ilegalmente esta fronteira possuem vistos russos.