“Estou desde as 11:00 na fila. Estava a fazer-me falta o pouco dinheiro que eu ainda tinha [em escudos] e decidi vir trocar”, disse Nuno Pereira à Lusa, enquanto aguardava pela entrada no BdP.
Para Natércia Gouveia existe uma desorganização no serviço de trocas e na atribuição de prioridades, o que se traduz em longos períodos de espera.
“Eu cheguei aqui às 11:30. Deveriam ter informado as pessoas com mais tempo para que se evitasse isto. Há pessoas que têm prioridade e isso implica mais tempo de espera, são muitas horas seguidas em pé. O próprio Banco de Portugal deveria ter um sistema mais rápido”, sublinhou.
Questionada sobre os motivos que a levaram fazer a troca um dia antes do fim do prazo, Natércia Gouveia explicou que “se torna muito complicado” para as pessoas que estão a trabalhar, dirigirem-se ao banco dentro do horário estipulado.
Por sua vez, Maria Rodrigues indicou que só tomou conhecimento do processo esta quarta-feira, no entanto, espera ainda conseguir efetuar a troca.
“Ainda não tinha recebido a informação. Ao princípio era para ficar com uma recordação, mas, depois decidi trocar. Disseram-me que […] todos os que estivessem na fila eram atendidos, [portanto], acho que ainda vou conseguir trocar”, referiu.
No final da fila de espera estava Raul Branco. Apesar de garantir que trocou todo o seu dinheiro quando se efetivou a transação de escudos para euros, dirigiu-se hoje ao Banco de Portugal para trocar algumas chapas de notas da irmã.
“Cheguei há dez minutos e a fila estava assim. Ainda dizem que não há dinheiro. A minha irmã é que só decidiu entregar agora as notas, eu já só tenho algumas moedas de 100 e 50 escudos, mas dizem que já não valem nada”, indicou.
O prazo para troca de cinco chapas de notas de mil, dois mil, cinco mil e dez mil escudos termina na sexta-feira, continuando em posse do público 4,2 milhões destas notas, no valor de 46,6 milhões de euros.
Segundo adiantou à agência Lusa fonte do Banco de Portugal (BdP), estas cinco chapas de notas de escudo destas quatro denominações que no final de novembro ainda se encontravam em posse do público prescrevem em 01 de janeiro de 2018, “o que significa que deixam de poder ser trocadas por euros”, sendo 29 de dezembro (inclusive) a data limite para troca nas tesourarias do banco central.
Em causa estão 2,7 milhões de notas de mil escudos-chapa 12 com a efígie de Teófilo Braga, 500 mil notas de dois mil escudos-chapa 1 com a efígie de Bartolomeu Dias, 700 mil notas de cinco mil escudos-chapas 2/2A com a efígie de Antero de Quental e 200 mil notas de dez mil escudos-chapa 1 com a efígie de Egas Moniz.
Todas estas notas foram retiradas de circulação em 31 de dezembro de 1997, sendo que as notas de mil escudos-chapa 12 entraram em circulação em 04 de agosto de 1988, as notas de dois mil escudos-chapa 1 circularam a partir de 23 de outubro de 1991, as notas de cinco mil escudos-chapa 2 e chapa 2A entraram em circulação em 28 de setembro de 1987 e em 30 de março de 1989, respetivamente. As notas de dez mil escudos-chapa 1 estrearam-se em 2 de outubro de 1989.
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