É o caso de vários portugueses que vivem em Timor-Leste e que, aproveitando o feriado de hoje e tolerâncias de ponto de segunda e de quarta-feira viajaram até Bali para umas miniférias, não tendo agora certeza de como ou quando podem voltar a Díli.
Oficialmente, o aeroporto Ngurah Rai está fechado até quarta-feira de manhã, mas o aumento da atividade do vulcão hoje leva muitos a prever que o fecho se pode prolongar por vários dias.
Muitas companhias aéreas cancelaram já os seus voos até domingo.
Muitos optam, por isso, por sair de barco da ilha indonésia, viajando até Java, de onde tentarão apanhar aviões para Kupang, na metade indonésia da ilha de Timor ou então, para a direita, saltitando de ilha em ilha ao longo da Sonda Ocidental, e Sonda Oriental.
Marina Madeira, que é professora no enclave de Oecusse, foi uma das aventureiras. Em vez de regressar para Bali das Gili, onde estava a passar uns dias, tem estado a saltar de ilha em ilha, entre autocarros e ferries.
O que deveria ser uma viagem de poucas horas - uma hora e 45 minutos entre Denpasar, capital de Bali, e Díli e mais meia hora de avião entre a capital timorense e Oecusse - tornou-se numa aventura que vai demorar mais de dois dias.
De Lombok para Mataram e depois Sunbawa, na Sonda Ocidental, depois Labuanbajo, na Sonda Oriental, onde só esperam chegar às 15:00 locais de quarta-feira (05:00 em Lisboa) e de onde viajam na quinta-feira para Kupang.
"Depois temos que decidir se voamos para Atambua [perto da fronteira com Timor-Leste] e depois uma hora de carro até Oecusse ou se fazemos cinco ou seis horas de carro diretas ao enclave", contou à Lusa no decurso da viagem.
"Neste momento estamos novamente num autocarro a atravessar a ilha [de Sonda Ocidental] para chegar a um porto que nos levará a Labuanbajo", contou.
"Está a ser uma grande aventura. Causou bastante transtorno mas está a ser uma experiência interessante", contou.
Geiza Marques de Oliveira, brasileira que vive em Timor-Leste há vários anos, também não sabe como voltar a Díli, explicando que nem sequer sabe se vai conseguir viajar na quarta-feira de manhã da ilha onde está, Nusa Penida a sudoeste de Bali - "a olhar para o vulcão".
"O objetivo é voltar até Kuta (em Bali) amanhã e depois ficamos a aguardar. Agora somos os únicos hospedes no hotel porque quem vinha cancelou e vão ficar vazios", explicou à Lusa.
Quem também vai "esperar para ver" é Joana Miriam Silva, professora do projeto Formar + que foi apanhada em Bali no regresso de uma viagem a Portugal. Chegou a fazer o ‘check-in’ na manhã de segunda-feira mas já na porta de embarque foi informada do fecho do aeroporto.
"Estava muita gente mas foi tudo bem organizado e as pessoas foram informadas e acompanhadas por assistentes. Fiquei a primeira noite no hotel do aeroporto e agora sair para procurar um hotel mais em conta", contou à Lusa.
"Estou a assumir que não vamos conseguir sair durante vários dias", admitiu.
Susana Marques, uma portuguesa que vive em Bali há sete anos, explicou à Lusa que o impacto do vulcão se sente evidentemente no setor do turismo e nas populações das zonas afetadas, não havendo relatos de problemas com portugueses na ilha.
"Algumas pessoas até ficam contentes de alargar as férias. Só quem tem mesmo que sair, por trabalho ou assim, é que está a optar por barcos. Há quem esteja a ir até Surabaya e depois tenta voar até Singapura, por exemplo", contou.
"A atividade do vulcão hoje aumentou imenso por isso acho que é possível que o aeroporto fique fechado muitos dias mesmo", afirmou.
Sandra Melo Costa, que vive em Bali há cinco anos onde é proprietária de vários 'butique-hotéis', explica que já foram canceladas várias marcações. As filhas na escola andam com máscaras, óculos e roupa de proteção, seguindo uma recomendação da escola.
"Está a ter um impacto brutal na parte da hotelaria e do turismo. Nós estamos a fazer o possível para garantir o conforto dos hospedes. Os hotéis estão a permitir o alargamento das estadias e em alguns casos, dando descontos às pessoas", afirmou.
"No que se refere aos portugueses em Bali, a comunidade é pequena e a informação que todos temos vamos circulando. Agora é uma questão de ficar à espera. Mas toda a ilha já sente o impacto no clima, com céus cinzentos, chuvas, o que torna a situação um pouco mais preocupante", disse.
Comentários