Depois de uma falsa partida, devido à rejeição por parte do povo colombiano do primeiro texto do acordo de paz negociado com os guerrilheiros marxistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para acabar com um conflito de mais de meio século, Santos considerou em entrevista à agência France Presse que o período que se abre “é uma etapa mais difícil do processo [de negociações], o que exige um grande esforço, perseverança e humildade”.
Segundo o responsável, na entrevista concedida à Agence France Presse algumas horas antes da cerimónia de entrega do Nobel, será necessário um “muito grande esforço de coordenação para trazer os benefícios da paz para as regiões que mais sofreram com o conflito”.
O processo de paz sofreu um sério revés no dia 2 de outubro, quando os colombianos rejeitaram em referendo o primeiro acordo firmado em novembro destinado a acabar com o conflito que fez pelo menos 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e mais de 6,9 milhões de deslocados.
Um novo acordo começou então a ser negociado para incorporar as propostas da oposição, sendo que esse prevê, como o seu antecessor, o desarmamento das FARC e a sua transformação num movimento político.
Contudo, antes que a Colômbia conheça a paz completa também será preciso chegar a acordo com outra guerrilha, o Exército de Libertação Nacional (ELN), e Juan Manuel Santos disse que não podia comprometer-se em conseguir também esse adeus às armas antes de deixar a presidência em 2018.
“Farei o meu melhor, mas estabelecer um calendário vinculativo é sempre contraproducente em tais negociações”, afirmou.
O ELN e o Governo começaram as negociações secretas em janeiro de 2014 para preparar a abertura de conversações oficiais, mas o processo tropeçou na em detenções e ambos os lados.
“Sequestros, em particular de civis, não é algo aceitável (…) Dissemos-lhes para libertarem as pessoas raptadas antes de iniciarmos negociações formais”, explicou o presidente colombiano, recordando que para já a guerrilha ainda não cumpriu essa exigência.
Já o ELN reclama, por seu lado, a libertação de dois guerrilheiros presos.
A cerimónia de atribuição do Prémio Nobel da Paz acontece este sábado na Câmara Municipal de Oslo, na Noruega, na presença dos reis do país e de membros do Governo norueguês, bem como de representantes das vítimas e ex-reféns das FARC, caso da franco-colombiana Ingrid Betancourt e de Clara Rojas.
O prémio consiste numa medalha de ouro, um diploma e um cheque de 8 milhões de coroas suecas (cerca de 824 mil euros), uma soma que o presidente colombiano prometeu distribuir às vítimas de guerra.
Já numa cerimónia anterior à atribuição do prémio, da organização Save the Children, Juan Manuel Santos disse que as crianças são o objetivo principal do processo de paz que está a tentar construir para que as novas gerações consigam viver sem ressentimentos, porque só assim se consegue a paz duradoura.
Também este sábado, mas em Estocolmo, na Suécia, serão entregues os prémios relativos às ciências, economia e da literatura.
Este último fica marcado pela ausência do laureado, Bob Dylan, justificando com “outros compromissos”.
O autor, compositor e intérprete enviou um discurso que será lido durante o banquete oferecido aos premiados.
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