“As suas iniciativas (dos opositores) contribuíram para alcançar este novo acordo que agora é de todos”, disse Santos num discurso horas depois da assinatura do novo acordo em Havana, pelos negociadores do Governo e pelas FARC.
O governo colombiano e as FARC assinaram a 26 de setembro passado, em Cartagena das Índias, o acordo de paz concluído em agosto no final de cerca de quatro anos de negociações em Havana para terminar o conflito armado e a guerrilha mais antiga no continente americano.
No entanto, a maioria dos colombianos recusou o acordo no referendo de 2 de outubro, o que levou Juan Manuel Santos a convocar os líderes dos movimentos opositores para conseguir um consenso e resolver o processo de paz.
O novo documento foi assinado pelos líderes das delegações de negociadores do governo colombiano, Humberto de la Calle, e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), “Iván Márquez” (como é conhecido Luciano Arango).
As duas delegações mantiveram nove dias de intensas negociações em Havana – sede das negociações de paz durante os últimos quatro anos – para alcançar um novo consenso para “conseguir uma paz estável e duradoura”.
O novo acordo “integra mudanças, precisões e contribuições dos mais diversos setores da sociedade, revistos um a um”, indica o comunicado.
O chefe de Estado disse que recolheram as propostas dos ex-presidentes Álvaro Uribe (2002-2010) e Andrés Pastrana (1998-2002), os dois principais opositores ao primeiro acordo de paz e os quais citou em vários momentos do seu discurso.
Além disso afirmou que receberam as iniciativas propostas por outros opositores como o Centro Democrático, partido de Uribe, dirigentes conservadores, igreja e outras organizações religiosas e sociais, empresários, sindicatos, tribunais e magistrados.
No total, alcançaram-se “precisões, ajustes e alterações” em 56 dos 57 temas abordados com os opositores e posteriormente apresentados às FARC.
Agradeceu a todos e mostrou-se satisfeito por todos os setores colombianos terem participado no novo texto, porque “a paz é de todos”.
O único ponto em que não conseguiram avanços, segundo reconheceu Santos, foi “que os chefes guerrilheiros não poderiam ser eleitos” para cargos públicos.
Essa era una das reivindicações dos que votaram “não” no referendo sobre o acordo de paz assinado a 26 de setembro em Cartagena das Índias.
“Tenho que dizê-lo com franqueza. Aqui não conseguimos avançar”, admitiu.
No entanto, destacou a importância de que todos os colombianos reconheçam que em “todos os processos de paz no mundo” trabalha-se para que os guerrilheiros “deixem as armas e possam fazer política dentro da legalidade”.
Nesse sentido, disse que as FARC têm “uma origem política” e que a sua intenção para o futuro “é poder fazer política sem armas”.
Com base nos elementos do novo texto, Santos disse “com humildade” que o novo acordo “é melhor” do que o original.
Comentários