Os partidos pró-russos da Moldova planeiam celebrar o aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazi, a 09 de maio, um elemento central da narrativa patriótica do Kremlin (presidência russa).

No mesmo dia, os apoiantes de Maia Sandu — cuja ambição é a adesão do país à União Europeia (UE) — planeiam assinalar o Dia da Europa.

“Não há nada de errado em manifestarem-se. A Moldova é um país democrático e estamos a fazer o que é necessário para garantir a liberdade de expressão dos cidadãos, quer concordem ou não com o Governo”, disse a Presidente moldava, que está de visita a Oslo, Noruega.

“É uma questão diferente quando estes eventos são pagos a partir do exterior do país e quando as pessoas que saem para as ruas não estão lá com a sua própria agenda, mas com a de outra pessoa”, acrescentou, durante uma conferência de imprensa.

Os partidos pró-russos anunciaram recentemente, a partir de Moscovo, a criação de uma coligação sob a égide do oligarca moldavo fugitivo Ilan Shor, condenado à revelia por Chisinau por fraude, meses antes das eleições presidenciais previstas para 20 de outubro deste ano.

Desde a invasão russa da Ucrânia, Ilan Shor organiza regularmente manifestações contra o governo pró-europeu na capital moldava e noutras cidades, num contexto de tensões acrescidas entre a Rússia e a Moldova.

“A Rússia já tentou desestabilizar o país no passado. A Rússia tentou financiar os manifestantes no passado”, sublinhou Sandu, salientando que as instituições da jovem democracia da Moldova resistiram.

“A Moldova é muitas vezes um campo de ensaio para os instrumentos híbridos da Rússia e, ao ajudar-nos, os nossos parceiros podem aprender com a nossa experiência” e preparar-se, acrescentou a chefe de Estado.

Hoje, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, anunciou uma ajuda adicional de 350 milhões de coroas (30 milhões de euros) à Moldova.

Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, a Moldova situa-se entre a Roménia e a Ucrânia.

A região separatista moldava da Transnístria ganhou destaque após o início da guerra na Ucrânia devido aos laços com a Rússia e à sua importante posição geoestratégica.

Kiev chegou mesmo a denunciar alegadas incursões russas na Ucrânia ocidental a partir da região separatista.

A Rússia mantém um contingente de 1.500 soldados na Transnístria, cujos separatistas pró-Moscovo controlam o território desde a guerra civil na Moldova, em 1992.