“Vai iniciar [Melchior Moreira] inquirição”, disse pelas 17:00 aos jornalistas Filipe Santos Marques, advogado de um dos outros quatro arguidos envolvidos na investigação.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve quinta-feira cinco pessoas e realizou buscas em entidades públicas e sedes de empresas no âmbito de uma investigação relativa à presumível viciação de procedimentos de contratação pública no valor de vários milhões de euros.
Entre os detidos estão, além de Melchior Moreira, Manuela Couto, que é administradora da W Global Communication (antiga Mediana), Isabel Castro, diretora operacional do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Gabriela Escobar, jurista daquela entidade, José Agostinho, um empresário de Viseu.
Em causa estarão ajustes diretos realizados nos últimos dois a três anos, que somados ultrapassam os cinco milhões de euros.
Os arguidos chegaram ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto já passava das 14:00 e pelas 17:00 o advogado de um dos arguidos indicou que o interrogatório de Melchior Moreira iria então começar.
“Neste momento houve a suspensão parcial dos trabalhos, nomeadamente para alguns arguidos, e vai iniciar a inquirição de um que se prolongará noite dentro pela medida do possível e, caso haja possibilidade, será ouvido ainda outro”, adiantou o advogado de José Agostinho, arguido que não será ouvido hoje.
Segundo o causídico, no sábado prosseguem os interrogatórios pelas 10:00, que deverão decorrer o dia todo e que poderão prolongar-se até domingo ou segunda-feira, mediante a disponibilidade do tribunal.
Questionado sobre se todos os arguidos vão prestar declarações, Filipe Santos Marques afirmou que sim, acrescentando “ter sido essa a primeira pretensão demonstrada” por eles.
“Podem até vir a alterar essa pretensão, mas todos demonstraram vontade em falar”, frisou.
Já sobre a ordem pela qual os arguidos prestam declarações, o advogado explicou que essa segue, normalmente, a ordem do mandado de detenção.
À Lusa, fonte policial, disse que em causa estão crimes de corrupção, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influências, recebimento indevido de vantagem e participação económica em negócio em procedimentos de contratação pública no Norte do país.
"A investigação, centrada na atividade de uma pessoa coletiva pública, determinou a existência de um esquema generalizado, mediante a atuação concertada de quadros dirigentes, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto com o desiderato de favorecer primacialmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”, assinala a PJ, através da sua Diretoria do Norte.
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