“Pedi ao ministro da Defesa para trabalhar sobre o assunto, nada está excluído”, afirmou Macron numa conferência de imprensa conjunta com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no final de um Conselho de Ministros franco-alemão.
Para que o destacamento dos blindados franceses venha a acontecer, sublinhou Macron, terão que verificar-se três condições: que o mesmo não conduza a uma escalada do conflito, que haja soldados ucranianos em condições de os utilizar e que não afete as capacidades de defesa francesas.
O líder francês disse que o trabalho de coordenação para decidir o que fazer sobre os pedidos ucranianos ao Ocidente de tanques de batalha pesados continuará “nos próximos dias e semanas” com outros aliados, incluindo a Alemanha.
O chanceler alemão expressou o total acordo entre o seu país e a França na vontade de fornecer à Ucrânia “todo o apoio necessário”, desde que “seja necessário” e “com os meios que forem necessários”, sejam eles financeiros, humanitários ou de armamento.
“O objetivo comum é que a Rússia retire as suas tropas da Ucrânia”, disse o líder alemão em declarações proferidas ao lado do Presidente francês após o Conselho de Ministros, e no contexto de pressões da Ucrânia sobre Berlim para enviar blindados alemães “Leopard2”.
Interrogado sobre se esta disponibilidade inclui tais tanques, Scholz insistiu que qualquer decisão sobre entregas de armas deve ser tomada “em estreito consenso com os aliados”, tanto europeus como norte-americanos.
O chanceler alemão recordou que o seu país manteve até agora a regra relativa às suas exportações de armas, segundo o qual estas não devem ser enviadas para países ou regiões em conflito, e que, no caso da Ucrânia, o princípio foi mantido, configurando-se como uma “resposta à guerra de agressão” lançada pela Rússia.
“Fornecemos à Ucrânia tanques Marder e Gepard, bem como sistemas de defesa aérea e baterias Patriot”, disse, insistindo que qualquer decisão sobre futuros destacamentos de armas deve basear-se na coordenação entre os aliados “bem como em critérios como necessidades e disponibilidade”.
O Conselho de Ministros franco-alemão e os eventos que assinalam o 60º aniversário do Tratado do Eliseu chegam três dias após a reunião do Grupo de Contacto para a Ucrânia, realizada esta sexta-feira na base norte-americana em Ramstein (Alemanha), na qual não houve acordo sobre os blindados “Leopardo”.
Relativamente aos blindados franceses, nos últimos dias, várias fontes militares francesas reconheceram aos media locais que se desconhece quantas unidades AMX Leclerc poderão estar disponíveis, uma vez que as cerca de 200 em armazém são utilizadas como fonte de componentes e peças sobressalentes para outros tantos ainda em serviço com o exército francês.
Há também sugestões em França de que, se o Reino Unido enviar como prometido um esquadrão de 14 blindados Challenger 2 e outros países ocidentais continuarem a entregar blindados de diferentes modelos à Ucrânia, os ucranianos poderão enfrentar um grave problema na formação de tripulações e técnicos de manutenção para cada modelo, bem como na gestão da cadeia logística para peças sobressalentes.
Macron recordou que a França já entregou equipamento militar substancial à Ucrânia, incluindo 18 peças de artilharia pesada autopropulsionada César, munições, mísseis antiaéreos e veículos de combate à infantaria. Paris anunciou ainda que enviará blindados de reconhecimento ligeiro AMX 10 para a Ucrânia.
Numa síntese do dia de hoje, Emmanuel Macron sublinhou o “grande trabalho” realizado com Olaf Scholz, e afirmou que ambos os países têm uma posição convergente sobre a Europa.
“Convergimos na nossa visão da Europa e dos nossos países”, afirmou Macron no Eliseu, numa cimeira franco-alemã marcada pela tentativa de aliviar as tensões entre Paris e Berlim a partir de 2022 sobre como lidar com a guerra na Ucrânia.
“O regresso da guerra ao nosso continente fez-nos compreender como é importante fazer as coisas por nós próprios, como europeus. Temos falado de defesa e estamos determinados a continuar a tomar as medidas necessárias para reforçar as nossas capacidades de defesa europeias”, disse o Presidente francês.
Neste contexto, Macron saudou “os progressos feitos nas últimas semanas”, particularmente em relação ao SCAF, o projeto europeu para a construção de caças, liderado pela França, Alemanha e Espanha.
Macron sublinhou ainda a importância de se acelerarem as decisões a nível europeu, algo com que Scholz concordou.
O chanceler reconheceu que a União Europeia “precisa de melhores mecanismos de tomada de decisão a nível europeu”, por forma a “ganhar influência no mundo”.
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