Pouco depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter anunciado o acordo com o Reino Unido numa conferência de imprensa na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, o presidente do Conselho, Charles Michel, e da assembleia, David Sassoli, congratularam-se com o compromisso, mas fazendo questão de lembrar que o texto terá agora de ser escrutinado pelos 27 e pelos eurodeputados.
“O anúncio de que os negociadores alcançaram um acordo é um grande passo em frente para o estabelecimento de uma relação próxima entre a UE e o Reino Unido. Para os nossos cidadãos e empresas, um acordo abrangente com o nosso vizinho, amigo e aliado é o melhor desfecho. Mas o processo ainda não terminou. Agora cabe ao Conselho e ao Parlamento Europeu analisarem o compromisso alcançado ao nível dos negociadores, antes de darem a sua luz verde”, apontou Charles Michel, num comunicado divulgado em Bruxelas.
A presidência rotativa alemã do Conselho da UE já anunciou, entretanto, que convocou uma reunião dos embaixadores dos 27 junto da UE para sexta-feira de manhã (10:30 locais em Bruxelas, 09:30 de Lisboa).
Nessa reunião, o negociador-chefe do lado da UE, Michel Barnier, dará conta dos contornos do acordo aos embaixadores, que começarão então a analisar o texto de compromisso, de cerca de 2.000 páginas.
Também Sassoli congratulou-se “com o facto de ter sido alcançado hoje um acordo sobre a futura relação entre a UE e o Reino Unido”, que, sublinhou, “o Parlamento irá agora analisar em pormenor”.
“O Parlamento agradece e felicita os negociadores da UE e do Reino Unido pelos seus intensos esforços para alcançar, ainda que à última hora, este acordo histórico. Embora ainda lamente profundamente a decisão do Reino Unido de deixar a UE, sempre acreditei que um acordo negociado é do melhor interesse de ambas as partes. Este acordo pode agora constituir a base para a construção de uma nova parceria”, comentou.
Lamentando que as negociações se tenham arrastado tanto e que o Parlamento não possa pronunciar-se ainda antes do final do “período de transição”, 31 de dezembro, Sassoli indicou que a assembleia decidirá se aprova ou não o acordo “no Ano Novo”.
Na sequência da saída do Reino Unido da UE, em 31 de janeiro passado, as duas partes iniciaram negociações sobre a relação futura, que tinham como data-limite o final do ano, dado o “período de transição” para a consumação do ‘Brexit’ — durante o qual o Reino Unido manteve o acesso ao Mercado Único europeu — terminar em 31 de dezembro.
Muitas vezes, as negociações pareceram condenadas ao fracasso, mas hoje, a uma semana do final do ano, UE e Reino Unido fecharam um acordo comercial que previne um ‘divórcio’ desordenado, que implicaria por exemplo que as relações entre as duas partes passassem a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), com a imposição de taxas aduaneiras e quotas de importação.
Apesar de já não ser viável tecnicamente a ratificação do acordo de ambos os lados, o mesmo entrará em vigor de forma provisória em 1 de janeiro de 2021. O compromisso será agora apresentado ao Conselho (os 27 Estados-membros) e ao Parlamento Europeu, do lado europeu, devendo também ser aprovado pela Câmara dos Comuns, em Londres.
A Comissão Europeia propõe assim que o acordo de parceria agora acordado com o Reino Unido seja aplicado de forma provisória até 28 de fevereiro próximo, o que o Conselho deve validar antes de 1 de janeiro.
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