"Esta extraordinária viagem (...) não acontece por acaso: acontece porque se privilegiou a aprendizagem sem preconceitos, a curiosidade científica, se valorizou o conhecimento, o trabalho coletivo sem fronteiras, um caminho que nos permite a construção do universo humano na sua diversidade", assinalou hoje José Manuel Marques, num discurso durante o Oceans Meeting, em Lisboa.
Para o presidente da Estrutura de Missão das Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães (EMCFM), as celebrações, a realizar nos próximos quatro anos, deverão ser mais que um exercício de evocação da efeméride.
"Pretendemos que as celebrações, que decorrerão entre 2019-2022, sejam muito mais do que uma mera evocação desta efeméride e que garantam, devidamente, tudo o que comportou a primeira visão global e integral do mundo, projetando-a no presente e sobretudo no futuro", sublinhou, no dia em que se celebram 499 anos desde o início da viagem.
José Manuel Marques divulgou ainda a "matriz estratégica" da programação das comemorações, que conta já com 70 ações e projetos.
O presidente da EMCFM aponta a "valorização do conhecimento, as redes de cooperação e o oceano e sua sustentabilidade" como objetivo estratégico das comemorações.
Segundo o responsável, o programa terá três eixos: do conhecimento, da economia e da cooperação.
O eixo do conhecimento promoverá o contacto entre comunidades académicas, científicas, educativas, formativas, culturais e ambientais, já o da economia pretende o "aprofundamento das redes e das dinâmicas de cooperação" comercial e económica. Por fim, o eixo da cooperação, "reveste-se de um caráter universalista" entre os países que integram a Rota de Magalhães.
Na comemoração, a Estrutura de Missão pretende envolver instituições de ensino superior, científicas, autarquias locais e entidades públicas e privadas dos vários setores da sociedade.
Em maio o Governo aprovou um orçamento de 1,2 milhões de euros para o programa das comemorações, que preveem, entre outras iniciativas, a candidatura da Rota a Património Cultural da Humanidade da UNESCO e a criação de um Centro de Interpretação sobre a viagem de circum-navegação.
O navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) notabilizou-se por ter organizado e comandado a primeira viagem de circum-navegação ao globo, ao serviço do rei de Espanha, alcançando o extremo sul do continente americano e atravessando o estreito que veio a ser batizado com o seu nome.
A viagem, a bordo da nau Victoria, começou a 20 de setembro de 1519, em Sanlúcar de Barrameda (sul de Espanha), e terminou a 06 de setembro de 1522, no mesmo local. Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a atravessar o estreito entre os oceanos Atlântico e Pacífico, a sul da América do Sul, que viria a ficar conhecido pelo seu apelido.
O navegador não terminou a expedição, uma vez que morreu nas Filipinas, em 1521, aos 41 anos, pelo que a viagem seria concluída pelo navegador espanhol Juan Sebastián Elcano.
A Rede Mundial de Cidades Magalhânicas integra cidades que pertenceram à rota estabelecida pelo navegador português ou a ele estão ligadas factualmente, nos diversos continentes, entre as quais Lisboa, Sabrosa e Ponte da Barca (Portugal), Sevilha, Sanlúcar de Barrameda e Tenerife (Espanha), Ushuaia, Puerto de San Julián, Puerto de Santa Cruz e Governo Provincial da Terra do Fogo (Argentina), Praia (Cabo Verde), Punta Arenas (Chile), Catbalogan City e Cebú City (Filipinas), Tidore (Molucas – Indonésia) e Montevideu (Uruguai).
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