A notícia está a ser avançada pela AFP.
Segundo a agência, o primeiro carregamento autorizado de cereais ucranianos desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, chegou nesta terça-feira à noite na costa norte de Istambul, no Mar Negro.
O navio Razoni, com bandeira da Serra Leoa, saiu do porto de Odessa no passado dia 2 de agosto, na Ucrânia, com destino ao Líbano.
O navio, que transporta 26 mil toneladas de milho, deve passar a noite ancorado no mar e amanhã será inspecionado por uma equipa internacional na entrada do Bósforo, informou o Ministério da Defesa turco.
De acordo com repórteres da AFP no local, o navio, que tem mais de 186 metros de comprimento, podia ser visto da costa pouco antes das 19h00 (hora local).
A inspeção, exigida por Moscovo, será "realizada por uma delegação composta por representantes turcos, russos, ucranianos e da ONU", informou o almirante turco Ozcan Altunbulak, chefe do Centro de Coordenação Conjunta (CCC), que supervisiona as operações. Depois, "o Razoni continuará o seu caminho", acrescentou.
De acordo com o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, 16 navios cargueiros "estão à espera da sua vez" para zarpar de Odessa com cereais, uma importante cidade portuária que, antes da guerra, concentrava 60% da atividade marítima do país.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky considerou, no entanto, que é "muito cedo para tirar conclusões e fazer previsões". "Vamos esperar para ver como o acordo [para a exportações de cereais] vai funcionar e se a segurança será realmente garantida", disse na noite de segunda-feira, embora tenha garantido que este é "um primeiro sinal positivo".
A Ucrânia e a Rússia assinaram a 22 de julho acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro devido à guerra em curso.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
O acordo de Istambul inclui dois documentos: um sobre as exportações de cereais da Ucrânia e outro sobre a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.
Depois de dois meses de duras negociações, os documentos visaram criar um centro de controlo em Istambul, dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante da ONU, que deverão estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro.
O acordo implica também passar a ser feita uma inspeção dos navios que transportam os cereais, para garantir que não levam armas para a Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.
Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
*Com Lusa e AFP
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