Paulo Machado, produtor e ex-presidente da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores (CVR/Açores), declara que este crescimento resulta de vinhas, em particular na ilha do Pico, que foram recuperadas nos últimos anos e que agora começam a dar frutos.
No caso específico do Pico, o empresário acredita que não vão surgir novas vinhas porque a população ativa “já não assegura as necessidades”.
Para que surjam mais áreas de vinhas, haveria que recorrer à importação de mão-de-obra ou a instalação de empresas exteriores à região, de acordo com Paulo Machado, que não considera “muito importante” crescer em termos de área, mas sim surgirem empresas do exterior para comprar uva e produzir vinho, com capacidade de exportação.
Na área de vinha que foi recuperada, 90% são castas brancas tradicionais dos Açores, sendo o vinho branco o mais procurado no mercado externo e local pelo turismo, sendo vendido a bons preços.
A Azores Wine Company exporta, por exemplo, 80% do seu produto para cerca de 20 países na Europa, Estados Unidos e Canadá.
O produtor considera que a “chave de sucesso” do setor é “continuar a vender bem para que as pessoas sejam bem pagas e os produtores motivados para produzir”, porque, se o preço da uva baixar, de novo, vai haver a tendência de voltar a abandonar o setor.
O Governo dos Açores estima que, no âmbito do Programa de Apoio à Reconversão e Reestruturação da Vinha (VITIS), a região alcance este ano a meta de 1.000 hectares de área de vinha apta para a produção de vinho certificado.
Nos Açores existe a Comissão Vitivinícola Regional com sede na Madalena, ilha do Pico, que visa “garantir a genuinidade e a qualidade dos vinhos, o fomento e o controle dos vinhos, a definição do seu processo produtivo e a promoção e defesa interna e externa dos vinhos certificados”.
A região possue 37 vinhos certificados, 14 produtores, três castas nobres e três regiões demarcadas: Biscoitos, na ilha Terceira, Graciosa e Pico.
O Governo Regional dos Açores tem em curso um projeto de recuperação de castas tradicionais de uvas, que estavam em risco de extinção, tendo criado campos de experimentação em três das nove ilhas do arquipélago.
Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico são as três castas açorianas que há mais de dez anos estão a ser alvo de estudos e análises, com o intuito de preservá-las e melhorar o recurso genético, de modo a aumentar também a produtividade dos vitivinicultores.
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